A linguista e professora Dora Pires congratulou-se com a decisão da Direção Nacional da Educação de continuar com o ensino bilíngue de Crioulo e Português no próximo ano letivo, com vista à promoção da aprendizagem da língua portuguesa e à valorização da língua cabo-verdiana. A especialista, entrevistada pela Rádio Morabeza, entende que há uma necessidade de se valorizar o crioulo, em pé de igualdade com a língua Portuguesa.
Dora Pires realça o fato de o ensino bilíngue permitir que as crianças desenvolvam a sua capacidade de dominar as duas línguas.
“Porque, conhecendo as duas línguas, com a gramática de cada uma, a estrutura de cada uma, isso implicará o afastamento de cada uma e diminuirá, por certo, as interferências que nós temos”, explica.
Nas escolas em Santiago, onde já funciona o ensino bilíngue, os alunos falam e escrevem a variante local. Em São Vicente, está-se a alfabetizar os alunos na variante de Barlavento, utilizado no dia-a-dia. Nesse contexto, a linguista chama ainda a atenção para a necessidade de se trabalhar, paulatinamente, a padronização da escrita da língua materna.
“Tentar unificar, para que todos os cabo-verdianos possam ter o mesmo padrão para a escrita. A oralidade é individual, mas para a escrita devemos trabalhar para a padronização da língua cabo-verdiana”, recomenda.
O ensino bilíngue foi implementado em Cabo Verde no ano letivo 2013/2014.
Fonte: Expresso das Ilhas