ISABEL DUARTE: MULTILINGUISMO EM TIMOR-LESTE É UMA RIQUEZA E APRENDER PORTUGUÊS É UMA MAIS-VALIA

Notícia

Em entrevista ao Diligente, a diretora-adjunta do mestrado em Ensino de Português no contexto de Timor-Leste, parceria entre a Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) e a Faculdade de Letras da Universidade do Porto, reflete sobre a diversidade linguística no território timorense e a importância de aprender e promover o idioma de Camões.

Isabel Margarida Duarte é licenciada em Filologia Românica, mestre em Ensino da Língua Portuguesa e doutorada em Linguística. Já desde 2000 que mantém uma estreita relação com Timor-Leste, seja através de deslocações frequentes que faz ao país, seja através dos inúmeros alunos timorenses que recebe na Universidade do Porto.

Enquanto diretora do mestrado em Português Língua Segunda/Língua Estrangeira na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Isabel elogia a preparação e curiosidade dos jovens timorenses, bem como a sua capacidade de integração.

A também diretora-adjunta do mestrado em Ensino de Português no contexto de Timor-Leste, parceria entre a UNTL e a Faculdade de Letras da Universidade do Porto, destacou como riqueza o facto de a nação timorense ser multilíngue, “embora seja uma confusão para os timorenses.”

Para aumentar a proficiência em português no país, Isabel Duarte defende que haja mais meios de comunicação social no idioma, de modo que os cidadãos o utilizem e o percebam no dia a dia, já que “aprender português na escola é insuficiente”.

 A professora é licenciada em Filologia Românica, mestre em ensino da língua portuguesa e doutorada em linguística. O que a levou a transitar por estas áreas?

Quando fiz a minha licenciatura, que já foi há muitos anos, acabei em 1977, era o que havia mais ligado ao português. Filologia Românica era português com francês e depois podíamos escolher, durante o curso, uma outra língua românica, que era o italiano ou o espanhol. No meu caso, escolhi o italiano, porque nós, falando português, conseguimos perceber os espanhóis e, ao contrário também, mas o italiano já não é tão fácil. Portanto, depois fiz estágio e comecei a dar aulas nos ensinos básico e secundário. Nessa altura, achei que fazia sentido fazer o mestrado em Ensino da Língua Portuguesa. Depois, dentro da faculdade, para aprofundar mais os conhecimentos sobre como ensinar português, acho que a linguística faz falta. E é uma paixão, gosto muito.

Como e quando surgiu a sua ligação com Timor-Leste?

A minha primeira ligação com Timor-Leste vem de longe, é uma ligação afetiva. Eu vivi o 25 de abril com 19 anos, e, portanto, vivi muito aquelas primeiras manifestações em que se pedia o fim da guerra colonial e o regresso dos nossos soldados que estavam em África, e em que todos nós, da minha geração, éramos pela descolonização e achávamos que não fazia sentido nenhum a colonização portuguesa.

Portanto, assistimos também a toda a história da ocupação indonésia e àquela parte final vivi-a com muita intensidade. O que se passou a seguir ao referendo foi, para nós, muito forte. Foi, talvez, o único momento da minha vida em que me lembro de uma união completa em Portugal em torno de uma ideia, porque toda a gente vinha para a rua, toda a gente queria que as Nações Unidas interviessem, fizessem qualquer coisa. Até à independência, nós, na fase final, sofremos muito e torcemos muito para que isto corresse bem e para que vocês conseguissem ser independentes.

Em 2001, recebemos um primeiro grupo de estudantes na Universidade do Porto, foi um grupo heroico, esteve lá sete anos sem vir a casa. Foi um grupo que nos marcou muito, porque as pessoas falavam, no geral, muito pouco português, tirando talvez uma pessoa mais velha, mas tinham muita vontade, fizeram licenciaturas, no caso que eu apoiei, de português e inglês. E na altura, nós fizemos tudo o que podíamos para que corresse bem. Demos aulas extra de português, arranjamos tutores que lhes davam aulas extra, porque as pessoas mereciam, eram muito boas. Ficámos sempre muito amigos. Depois, a primeira vez que eu cá vim, não me lembro se foi em 2011 ou 2013, vim com uma bolsa da universidade para a internacionalização.

Leia a entrevista, na sua íntegra, aqui!

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língua portuguesa

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