Neles se inscrevem os 4 novos programas lançados pelo IILP - o FAPP (Fundo de Apoio a Pequenos Projetos), o PAJILP (Programa de Apoio a Jovens Investigadores de Língua Portuguesa), o PARCOS (Programa de Apoio à Realização de Congressos e Seminários em língua portuguesa) e o Programa de Residências Literárias - cujos resultados representam um significativo avanço nesse propósito.Julgamos, por isso, proveitosa a sua partilha, tendo presente ainda quer o facto de os fundos do IILP serem, afinal, fundos públicos dos Estados-membros (EM) da CPLP, quer a oportunidade que tal representa para uma maior mobilização dos países para o apoio futuro a estes mesmos (e outros) programas.
Em resultado dos apoios agora conferidos no âmbito do FAPP (que recebeu 42 candidaturas de 8 países), 80 jovens raparigas e mulheres de Ilhéu de Rei (Guiné-Bissau) têm na alfabetização em língua portuguesa (LP) para o empreendedorismo uma oportunidade de reforçar a sua sustentabilidade e o seu empoderamento; 150 jovens de Monapo e Ilha de Moçambique (MOÇ) participarão num projeto de promoção da leitura e de escrita criativa para a resiliência ambiental; 420 estudantes do Ensino Secundário em Montepuez (MOÇ) receberão formação na narração de histórias em português para dinamização de outras ações em escolas; 150 crianças em centros de acolhimento de órfãos em Cazenga (ANG) passarão a ter acesso a um acervo bibliográfico em língua portuguesa (LP), tal como acontecerá nas comunidades de Ponta d’Água (CV) e Mé-Zóchi (STP).
A promoção da literacia científica com a literacia para a LP estará no centro de um projeto dirigido a crianças e jovens de vários EM da CPLP, tal como o concurso de contos que, a partir de Timor-Leste (TL), assim criará uma antologia. A promoção da LP como língua de ciência constitui o foco da única publicação académica em TL, que passará a receber apoio do IILP, tal como a criação de um centro de acesso às tecnologias em português para 120 alunos na Roça Agostinho Neto (STP). Finalistas de diversas ilhas terão apoio à sua participação na Final do Concurso nacional de Leitura (CV), enquanto cerca de 250 crianças de bairros de Díli (TL) participarão em sessões públicas de narração de histórias ao longo de um ano. Os jovens que dinamizam a única publicação informativa digital em LP em TL terão também um apoio que lhes permite didatizar conteúdos informativos publicados no seu sítio.
Os exemplos mostram bem a relevância e a oportunidade do programa, que recebeu propostas de 20 diferentes localidades, 65% das quais fora das capitais dos 8 países, traduzindo uma abrangência geográfica importante e relevante.
Uma dispersão e abrangência que marcaram os restantes programas. O apoio à mobilidade científica e à circulação de conhecimento no espaço da CPLP preside quer ao PAJILP (apoiar a deslocação de jovens investigadores a congressos em países de LP), quer ao PARCOS (apoiar a realização de eventos de ciência na área da LP), priorizando os EM onde o apoio a sistemas de ciência dispõe de menos recursos.
Jovens investigadores de Angola, Brasil, Cabo Verde e Portugal beneficiarão de apoio à sua participação em congressos que se realizam em São Tomé e Príncipe e em Portugal, dando aí a conhecer a investigação que desenvolvem nas áreas da didática da LP, dos estudos literários e interculturais ou da interferência linguística. Desejavelmente, esta será também uma forma de promover a criação de redes de colaboração entre instituições e investigadores e de reforço, em particular, da cooperação sul-sul.
Por via do PARCOS, o IILP estará, neste ano, associado (como parceiro e/ou coorganizador) a encontros e congressos em Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, onde decorrerão diversos painéis sobre formação de professores e didática da LP em contextos plurilingues, variação linguística, LP como língua de ciência, tecnologias da língua ou cruzamento entre os lugares da literatura e os da arquitetura em países de LP.
Por fim, o Programa de Residências Literárias recebeu o apreciável número de 35 candidaturas com origem em 5 países (Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal), com o Brasil (16) a liderar essa lista.
Visando apoiar a circulação de escritores de países e regiões de LP e promover a criação em LP, desse modo fomentando a interculturalidade no espaço da CPLP e um maior conhecimento das literaturas nacionais nos seus EM e regiões de língua oficial portuguesa, o programa apoia este ano escritores do Brasil, de Cabo Verde, de Moçambique e de Portugal para, durante um mês, executarem os seus programas trabalho nos países que selecionaram.
Ao todo, foram mobilizados cerca de 90 projetos, sendo expectável que se passe a centena com a realização, em junho, da 2.ª fase dos programas PAJILP e PARCOS.
Perto de 100 ONGD, associações, investigadores, animadores culturais, dirigentes educativos identificaram projetos que almejam por um impacto imediato para as comunidades que servem, por um reforço da cidadania em LP, pela melhoria de exercícios profissionais, académicos, sociais, educacionais. Nem a todos foi possível responder, mas essa é outra reflexão a fazer.
Reforçou-se a missão do IILP de ir ao encontro de necessidades concretas, onde se colocam. Prova-se que a resposta deve ser ainda mais sólida e mais abrangente, o que só será possível com o contributo dos EM. Estes quatro programas (parte dos 22 novos projetos criados pela direção executiva, a par dos 10 que se mantêm), mereceram o apoio financeiro de um EM (Portugal), através de uma contribuição voluntária. Importaria, agora, fortalecê-los (a todos) com outras contribuições não só para que se prolonguem no tempo, mas para abrangerem mais crianças, mais jovens, mais mulheres e homens, mais profissionais e académicos. Por eles passa, incontornável e fundamentalmente, a confirmação das projeções que quanto a um futuro mais pujante da LP no contexto das línguas internacionais.
Texto originalmente publicado no Diário de Notícias