A revista disponibiliza textos originais dos escritores Angélica Lima (Brasil), Evel Rocha (Cabo Verde), Lucílio Manjate (Moçambique) e Rita Canas Mendes (Portugal), cujos projetos de criação literária foram selecionados pelo júri. Durante um mês, os quatro escritores deslocaram-se ao país que escolheram para a realização da residência, com o compromisso de produção de um texto que promova um cruzamento de visões do contexto cultural de origem e daquele onde se deslocaram, desde modo promovendo a criação literária e a diversidade cultural dos espaços de língua portuguesa.
Em Navegando em Palavras Transatlânticas, que designa como uma narrativa cartográfica sobre lugares pessoas e costumes, a escritora brasileira Angélica Lima produziu um ensaio onde cruza as suas vivências pessoais, registadas em diários de viagem da autora, com a revisitação da Carta de Pêro Vaz de Caminha. Como refere no texto, “minha carta é aberta e ao escrevê-la só quis mesmo viajar nos tempos e fazer convergências, num caminho inverso, entre esses quinhentos anos de espaço-tempo”.
Em História de um homem sem alma, Evel Rocha, de Cabo Verde, escreve um conto que, por alturas da implantação da República em Portugal, na então chamada zona saloia de Lisboa, se inscreve na tradição das narrativas em que a personagem vende a alma ao diabo para poder cumprir um desígnio, no caso, a vingança de uma morte.
Lucílio Manjate, de Moçambique, escreveu o que chama a noveleta O alfaiate de Lisboa que acompanha um momento particularmente importante na vida de Elias Xilungo, “o primeiro serralheiro da história dos Caminhos de Ferro de Moçambique a aprumar-se de fato e gravata para soldar o ferro”. Para isso, Elias viaja para Lisboa, após a revolução de 74, acompanhado da famosa modista de Lourenço Marques, Laurentina Borges, ao encontro do Alfaiate de Lisboa.
Rita Canas Mendes, de Portugal, discorre, em registo de crónica de viagem, sobre as experiências e as reflexões que a sua viagem a Maputo, no contexto do programa, lhe suscitaram. Maputo e Lisboa — Um diálogo contemporâneo conecta as duas cidades, os dois povos e as respetivas sociedades pelas dinâmicas que exibem.
Com a publicação do presente número, introduz-se uma nova vertente no percurso da revista Platô, cujo início remonta ao ano de 2012. Nos 9 números publicados ao longo de 13 anos de existência, a revista procurou cumprir os objetivos que para ela foram assinalados no momento da sua criação: o de acompanhar os diferentes trabalhos realizados pelo Instituto e as discussões que no seu âmbito decorrem; o de trazer ao domínio público trabalhos sob a égide da instituição que dialoguem com as dimensões histórica, linguística e política.
A publicação encontra-se disponível em formato digital e acesso aberto no sítio web do IILP.
IILP
