O 13 Salão do Livro Infanto-Juvenil que acontece esta semana no Rio de Janeiro, Brasil, está a celebrar e divulgar a Lusofonia. A literatura de países como Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal estão sendo vistas por um público que já ultrapassou as 30.0000 crianças, adolescentes e adultos. Dentro da programação do Salão, um seminário acolheu diversos escritores da CPLP que permitiram a um auditório lotado, saber um pouco mais sobre a literatura infanto-juvenil das nações lusófonas.
O Prof. Gilvan Müller de Oliveira, em presença da diretora da Fundação Nacional do Livro Infantil, abriu o evento discorrendo sobre a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e sua presença no mundo atual, bem como sobre as estratégias do Instituto Internacional da Língua Portuguesa para a promoção da língua.
A escritora brasileira Ana Maria Machado, presenteou o público com a apresentação dos grandes s autores brasileiros que compuseram a trajetória da literatura infanto-juvenil no país. Em um refinado percurso histórico, Ana Maria Machado mostrou a tensão entre uma linguagem mais formal e uma linguagem mais próxima do dia a dia da experiência infantil, com a vitória desta última.
Abdulai Silá, primeiro romancista de Guiné-Bi ssau, trouxe ao público uma visão da literatura de seu país, as dificuldades de intercâmbio e acesso às obras literárias no contexto da CPLP. Autor de Eterna Paixão, A Última Tragédia e Mistida, entre outras, evoca, nesta trilogia, suas vivências na sociedade colonial. Abdulai iniciou-se na escrita ainda adolescente, quando em seu colégio (liceu), um grupo de alunos resolveu fazer um jornal para homenagear os estudantes que foram massacrados em Soweto. Em seus livros, o autor leva o leitor a vivenciar a emoção de quem viveu em vários regimes políticos e sociais de seu País.
O professor Miguel Ouana , escritor e editor literário de Moçambique, disse que antes da independência de seu País, não havia literatura infanto-juvenil e que as crianças só tinham acesso a livros de história adulta, muitos deles de autores brasileiros. Somente em 1981, no Jornal Semanário Domingo, nasce o primeiro caderno de literatura infanto-juvenil no país. O editor retratou que ainda o acesso aos livros por crianças e jovens é precário, seja pela falta de bibliotecas em muitos locais no país, seja pela a dificuldade econômica dos moçambicanos e o histórico familiar de toda uma submissão ao colonialismo português.
A escritora Fátima Langa trouxe a plateia, em forma de canção, o encantamento do idioma chope, uma das línguas de Moçambique. Apesar do tardio encontro com a escrita, Fátima desde a infância, sempre cultivou o hábito de contar estórias em seu pequeno povoado, Bahanine, no interior da província de Gaza. Militante do movimento das mulheres, a autora sugeriu a formação de um núcleo de discussão e intercâmbio de escritoras da CPLP.
Zetho Cunha Gonçalves, poeta angolano, radicado em Lisboa, trouxe à Feira, seus poemas e contos infanto-juvenis que apresenta a cultura e os costumes de Angola.
O escritor Ziraldo falou sobre a influência e sucesso do seu livro O Menino Maluquinho sobre as gerações de pequenos leitores. Disse que sua literatura trata dos sentimentos de crianças e adolescentes de forma séria, mas com um olhar lúdico e com suas histórias sempre acabando de forma positiva. Um documentário realizado sobre os 30 anos do livro encerrou o primeiro dia do evento.
Entre as 72 estandes foi montado o Espaço da CPLP, onde o público pode interagir com as obras literárias e conhecer a riqueza da língua portuguesa.
Amanhã acontece, no Salão, o 8º Encontro Nacional de Autores Indígenas.
Fico feliz pelo evento. Sinto me regozijada pela presença de todos os escritores e destaco o meu contentamento pela presença da escritora moçambicana Fatila Langa.
Um beijo e tudo de bom ao evento. Muita luz e muita paz.
Isabel Ferreira