UNESCO APROVA PROJETO DA UFAM PARA DISCUSSÃO DE UMA UNIVERSIDADE INDÍGENA NO ALTO RIO NEGRO

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No dia 02 de junho/2011 a UNESCO-IESALC anunciou os vencedores do edital para financiamento  de  Proyecto Diversidad Cultural e Interculturalidad en Educación Superior en América Latina da  UNESCO/IESALC. O projeto intitulado “I Simposio “Diálogos Interculturais na Fronteira Panamazônica”, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) foi 01 dos 10 projetos aprovados pela UNESCO das 210 propostas […]

No dia 02 de junho/2011 a UNESCO-IESALC anunciou os vencedores do edital para financiamento  de  Proyecto Diversidad Cultural e Interculturalidad en Educación Superior en América Latina da  UNESCO/IESALC.

O projeto intitulado “I Simposio “Diálogos Interculturais na Fronteira Panamazônica”, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) foi 01 dos 10 projetos aprovados pela UNESCO das 210 propostas apresentadas em toda a América Latina.

O projeto apresentado pelo Grupo de Pesquisa Planejamento e Gestão do Território na Amazônia, coordenado pela professora  Ivani Ferreira de Faria, coordenadora da Licenciatura Indígena Politicas Educacionais e Desenvolvimento da  UFAM, em parceria com a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro/ FOIRN, pretende discutir e propor  principios e parâmetros para a construção de uma Universidade Indígena no Alto Rio Negro bem como constituir um Conselho de Etica Indígena, para  regularização e acompanhamento de projetos nas terras indígenas  do Rio Negro.

O processo histórico da Discussão

Desde a implantação em 1992 da Licenciatura em Filosofia, o primeiro curso de graduação oferecido pela Universidade Federal do Amazonas em São Gabriel da Cachoeira, lideranças, associações e estudantes já reivindicavam cursos específicos para atender a uma demanda em uma região composta de 23 povos indígenas de 5 famílias lingüísticas diferentes (Tukano Oriental, Maku, Aruak, Yanomami e Nheengatu) em um estado, Amazonas, onde existem 74 povos indígenas.

Neste sentido, em 2010, por meio do projeto DabuKuri – Gestão territorial, sustentabilidade e valorização do conhecimento e de tecnologias sociais dos povos indígenas, coordenado pela Profa. Ivani Faria, com financiamento do Ministerio de Ciência e Tecnologia (MCT), subprojeto do Parque Tecnológico de Inclusão Social, iniciou-se a elaboração do projeto para a construção do Centro Universitário Indígena do Alto Rio Negro, em terreno doado pela Prefeitura Municipal de São Gabriel da Cachoeira.

A dicussão de uma Universidade Indígena para os Povos do Alto rio Negro teve início em 2004, quando da realização da Semana Acadêmica promovida pela UFAM em SGC e continuou com o Wokshop “Trilhas e Redes do Saber: universidade e educação indígena” promovido pelo grupo de pesquisa Planejamento e Gestão do Território na Amazonia da UFAM, em junho de 2009, e com o Simpósio Internacional dos Povos Indígenas – “Construindo uma Universidade Indígena no Alto Rio Negro”, em dezembro de 2010, promovido pelo grupo de mestres indígenas, FOIRN e UFAM.

Nestas discussões propôs-se que o Centro Universitário deveria transformar-se, no futuro próximo, na UNIVERSIDADE DOS POVOS INDÍGENAS DO RIO NEGRO, caracterizada pelo fato de que todos as suas atividades teriam como principio atender as demandas dos diferentes povos:

  • articulando o conhecimento indígena e não-indígenas, visando a uma formação intercultural fundamentada na metodologia de ensino pela pesquisa, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentável, sociocultural e econômico;
  • que a Universidade dos Povos Indígenas deverá, no futuro próximo, oferecer outros cursos, de acordo com as necessidades dos diferentes povos indígenas da região;
  • que a Universidade dos Povos Indígenas deverá promover a descentralização do atendimento acadêmico aos discentes indígenas fora da sede do município de São Gabriel, instalando-se nas comunidades com o objetivo de evitar o êxodo e fortalecer  as  respectivas  identidades étnicas ;
  • que esta descentralização seja implementada seguindo o principio de valorizar as territorialidades lingüísticas pelas calhas de rios, de acordo com as famílias lingüísticas respeitando a Lei de Co-oficialização das Línguas Indígenas Tukano, Baniwa e Nheengatu (Lei 145 de 11 de dezembro de 2002, regulamentada pela Lei 210/2006) em São Gabriel da Cachoeira, o primeiro município do Brasil a ter línguas indígenas oficializadas ao lado do português;
  • que a construção da infraestrutura do Centro Universtário do Alto Rio Negro/UFAM em São Gabriel potencialize a oferta de cursos de graduação, tanto para indígenas como para não indígenas bem como de outras modalidades de curso e de outros programas da Universidade.

O projeto do Centro Universitário Indígena, será contruido em terreno (de 215 m x 319 m), em elaboração pelo Arquiteto José Carlos Bonetti, coordenador  do  Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFAM, e pretende ser diferenciado seguindo uma arquitetura de acordo com as caracteristicas culturais da região ecologicamente correto. Contendo alojamentos para alunos e professores, salas de aula, biblioteca, refeitório e escritório administrativo.

Após a realização de 06 cursos regulares de licenciatura e uma espceialização latu sensu, com 430 profissionais formados, 95% dos quais indígenas e discussões acumuladas sobre a função da Universidade junto aos povos indígenas, a Ufam se encontra qualificada a apoiar os povos indígenas do alto rio negro, um passo adiante no que se refere á formação superior.

Através da Licenciatura Indígena “Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável”, em andamento desde 2010, e da construção do Centro Universitério Indígena do Alto Rio Negro, a UFAM pretende contribuir para  a formulação de cursos e projetos específicos para indígenas que possam promover o fortalecimento étnico cultural destes povos com alternativas sustentáveis, contendo, assim, o êxodo indígena das comunidades permitindo-lhes por meio da apropriação destes conhecimento revereter o processo de colonização de conhecimento a que foram historicamente submetidos caminhando para um novo cenário de descolonização do saber regido pela pluralidade e reconhecimento da autodeterminação dos povos indígenas


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