I Seminário GELF: um diálogo valioso sobre as línguas de fronteira

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O I Seminário de Gestão em Educação Lingüística de fronteira no MERCOSUL encerrou seus três dias de trabalho experimentando um diálogo valioso sobre a língua e sobre as fronteiras no contexto da educação. A troca de experiências apontou para problemas e soluções comuns de realidades distintas, tudo ancorado na perspectiva da borda geográfica.   Tendo […]


O I Seminário de Gestão em Educação Lingüística de fronteira no MERCOSUL encerrou seus três dias de trabalho experimentando um diálogo valioso sobre a língua e sobre as fronteiras no contexto da educação. A troca de experiências apontou para problemas e soluções comuns de realidades distintas, tudo ancorado na perspectiva da borda geográfica.  

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Tendo recebido profissionais de seis diferentes países, o I GELF colocou em contatos especialistas e profissionais das mais distintas situações sociolingüísticas. Os contextos latino-americanos fundiram-se as muitas realidades fronteiriças sob a condição permanente de diálogo. A temática da gestão das línguas coabitou com exemplos práticos, narrados detalhadamente por todos os participantes.

Para Gilvan Müller, diretor executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), tem havido um aumento exponencial da importância política e econômica das línguas. Para tanto, faz-se eminente o desenvolvimento de políticas lingüísticas conforme a pluralidade cultural do MERCOSUL, assentado sobre centenas de idiomas ameríndios e de imigração.

Rosangela Morello, diretora do IPOL – Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Lingüística -, defende as fronteiras como áreas habitadas linguisticamente, culturalmente, embora muitas vezes as bordas sejam associadas à idéia de cisão, prática muito estimulada durante as ditaduras latinas americanas.

Só para se ter uma idéia, no Brasil – em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas – mais de 20 línguas indígenas convivem sob o prisma de uma fronteira extremamente multicultural. A gestão do ensino em regiões como essas – embora necessitem de muita atenção – estimulam contextos riquíssimos de troca.

O I GELF, nesse sentido, propôs um canal permanente de diálogo. Tanto os profissionais quanto os especialistas tiveram a oportunidade de trocar contatos, compartilhar pesquisas e experiências pessoais e perceber nos casos uns dos outros semelhanças e diferenças fundamentais para entender o próprio contexto. Com este novo canal de comunicação aberto, a política de fronteiras pode ser discutida permanentemente entre atores sociais de conjunturas totalmente distintas.

Os gestores de educação

O exemplo de Eliane Araujo Fernandes, coordenadora da Escola Estadual João Brembatti Calvoso, na fronteira Brasil-Paraguai, é bastante ilustrativo. A gestora de educação de Ponta Porã, Mato Grosso do Sul, está imersa num sofisticado contexto trilingue (português-castelhano-guarani). Como mesmo narra, depois que começou a envolver-se com a educação nas fronteiras, passou a articular melhor o entendimento dos processos de ensino. Hoje, motivada pela intensa vontade de superação, Eliane maneja 10 turmas plurilíngües e toda uma estrutura pedagógica. A prática prevê a troca de professores fronteiriços, ou seja, todas as semanas os alunos da escola Escola Estadual João Brembatti recebem aulas em castelhano. O lado paraguaio beneficia-se do mesmo intercâmbio, recebendo semanalmente um professor de língua portuguesa.

Entretanto, o trabalho de ensino plurilíngüe encontra sérias adversidades. Por exemplo, preconiza-se que um aluno deve aprender outra língua pela via da sua língua materna. Isso acaba por demandar gestões sofisticadas e muitas vezes onerosas, principalmente porque em zonas de fronteira podem conviver com várias línguas diferentes. Além disso, o processo de obtenção de uma segunda língua é bastante diferenciado do processo de obtenção de uma primeira língua, demandando toda uma estruturação pedagógica, o que acaba necessitando de professores aptos para lidar com ensino de quadros plurilíngües.

Manuel Tost, docente da Universidade autônoma de Barcelona, diz ter ficado impressionado com a paixão com que os gestores latino-americanos falam de educação, da forma com que tencionam aperfeiçoar os sistemas educativos das regiões nas quais estão inseridos.

O Seminário foi realizado através de uma iniciativa do IPOL – Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Lingüística, do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) e da União Latina (UL). A UNIOESTE apoiou o evento através da concessão da estrutura física para evento. O I GELF ocorreu entre os dias 20 e 22 de julho.

Jornalista Felipe Chimicatti.

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