O Diretor Executivo do IILP, Gilvan Müller de Oliveira, apresentou no dia 22 último, em Luanda, durante a XVI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros de Negócios Estrangeiros e Relações Exteriores dos Estados-membros da CPLP, um relatório analítico das ações realizadas pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa – IILP, entre outubro de 2010 até o momento.
Em sua intervenção, o diretor citou o Plano de Ação de Brasília – desenvolvido a partir da I. Conferência Internacional sobre o Futuro do Português no Sistema Mundial- como um instrumento que definiu algumas diretrizes para a direção executiva do IILP construir planos de atividades e executá-las em perspectivas de médio e longo prazos.
Nesse sentido, o passo inicial foi melhorar a estrutura física do IILP. O telhado da simbólica Casa Cor-Rosa foi refeito e impermeabilizado com tela asfáltica; a rede de luz foi totalmente corrigida; a passarela suspensa ganhou um novo madeirame e instalação de um sistema de segurança; todos os funcionários receberam computadores novos e atualizados e há agora internet sem fio em toda a casa.
A capacidade gerencial da instituição também foi revista e, de acordo com as instruções do Tribunal de Contas de Cabo Verde que verifica anualmente a situação documental do Instituto, dois instrumentos administrativos foram criados: o Manual Administrativo do IILP, a ser desenvolvido em consultação com o Conselho Científico, e o Inventário da Instituição.
A chegada de dois investigadores do Programa Brasileiro de Leitorado como assistentes técnicos da Direção, enviados pelo Itamaraty, os doutores Maria Inês Amarante e Dejair Dionísio, reforçou a equipe de trabalho, acenando com a possibilidade do Instituto receber profissionais de outros países lusófonos para integrar a equipe plurinacional. Como assinala o Diretor Executivo, já há negociação com o Governo de Cabo Verde, depois de encontro com o Sr. Primeiro-Ministro José Maria Neves, para a cedência de três funcionários do Estado Caboverdiano oriundos das Relações Exteriores, da Educação e da Cultura para atuar no Instituto.
Além das questões levantadas, alguns projetos já em andamento marcaram o discurso do diretor. Do ponto de vista da comunicação, a instituição atualmente está sendo conhecida através do Blog do IILP, que até o momento ultrapassou os oito mil acessos e a nova página da internet que mantém, entre outras coisas, o Catálogo da Língua Portuguesa, uma ferramenta wiki (como Wikipédia), que centralizará e possibilitará o acesso aos dados dos tradutores, cursos de língua, institutos de pesquisa, editoras, bibliotecas e tantos outros tipos de instituições nas quais a língua portuguesa vive, a partir do auto-registro das instituições interessadas no mundo todo. E a entrada nas redes sociais, recebendo e mandando informações para a sociedade global.
Apoiado pelo IILP, ocorreu na semana passada em Foz do Iguaçu o I Seminario para Gestão de Educacão Linguística de Fronteira no Mercosul , graças aos recursos da União Latina de Paris – UNILAT e a organização do Instituto de Investigação e Política Lingüística – IPOL. O encontro reuniu profissionais de seis diferentes países e colocou em contato especialistas e profissionais das mais distintas situações sociolingüísticas para dialogar sobre a gestão das línguas e a política educacional de fronteiras.
Outro importante trabalho realizado pelo Instituto foram os encontros havidos, em Lisboa e Maputo, com representantes do Governo da Guiné Equatorial, com vistas a elaborar o Eixo 1 do Plano de Adesão deste Pais como membro pleno da CPLP, isto é, o Eixo que trata da Implementacão do Português, depois que este pais oficializou o idioma no ano passado. Para isto, foi formulado conjuntamente com o Governo Equato-Guineense um Mini-Plano 2011-2012, incluindo ações que devem estar concluídas até a Cimeira de Maputo, no ano que vem, e que servirão de demonstração do interesse efetivo do país em ter o português como idioma oficial. Ainda neste movimento, foi elaborado um termo de cooperação técnica para assessoria linguística, prestada pelo IILP, aos projetos do país referentes a oficialização do português. A Guiné Equatorial acenou com a possibilidade de financiar uma missão de trabalho de uma equipe de linguistas lusófonos convocada pelo IILP para pesquisar e publicar um livro sobre o Crioulo Português de Annobon, a ser lançado por ocasião da Cimeira de Maputo, documento que colabora com a visão de que a Guiné Equatorial tem em seu território um crioulo do português e, portanto, situa-se no âmbito de uma lusofonia ampliada.
Um dos maiores projetos que o IILP vem articulando é a produção de um importante instrumento para unificação ortográfica, o Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC). Em março deste ano foi doado ao Instituto o Vocabulário Ortográfico de Portugal (VOP) pelo Ministério da Cultura de Portugal e foi estebelecido um Protocolo de Cooperação Técnica com o Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC) de Lisboa, que desenvolveu e faz a gerencia técnica do artefato. Na continuidade do processo, negociações com a Academia Brasileira de Letras, na pessoa do Professor Evanildo Bechara, foram iniciadas para solicitar a cessão do VOLP brasileiro e com o NILC – Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional da USP de São Carlos e da Universidade Federal de São Carlos, que dispõe de uma base de dados preparada para seus muitos projetos de Processamento de Línguas Naturais.
Na esteira dessa articulação, de 26 a 28 de setembro do corrente ano, o IILP sediará em sua sede, a I Reunião Técnica sobre o VOC, com técnicos de todos os países. Este reunião terá como metas fixar uma postura comum em pontos ainda não totalmente consensuados do Acordo; desenvolver uma metodologia comum para a incorporação dos vocabulários de todos os países na geração do VOC; desenvolver uma concepção de formação a ser oferecida pelo IILP aos países membros que ainda não dispõe do seu Vocabulário Ortográfico próprio, de maneira que o VOC possa representar a todos por igual.
O ILLP já iniciou, em conjunto com a Comissão Nacional Moçambicana a organização do Colóquio de Maputo, que ocorrerá de 12 a 14 de setembro. Neste evento, pela primeira vez, acontecerá um encontro dos gestores da diversidade linguística e do multilinguismo dos países da CPLP a fim de fomentar uma perspectiva comum sobre o assunto, trocar experiências e abrir a perspectiva de cooperação, considerando que nos países da CPLP são faladas 339 línguas, ou 5% da diversidade linguística do mundo. Este evento faz parte do conjunto de quatro colóquios, com caráter de reuniões técnicas, sobre os assuntos estratégicos designados no Plano de Ação de Brasília para a Promoção, a Difusão e a Projeção do Português. Serão ainda realizados: O Colóquio de Luanda sobre o Português nas Organizações Internacionais (no início de 2012); o Colóquio de Fortaleza sobre o Português na Internet e no Mundo Digital (janeiro de 2012); o Colóquio da Praia sobre o Português nas Diásporas (outubro 2011) e o Colóquio de Maputo sobre a Diversidade Linguística dos Países da CPLP, a realizar-se em setembro próximo.
Por fim, na apresentação ao Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, o diretor do ILLP informou que a equipe de trabalho do IILP está elaborando três levantamentos estratégicos visando iniciar uma base de dados comuns sobre assuntos operacionais ligados à Língua: Instituições Formadoras de Tradutores do Português nos Países Membros; Instituições Formadoras de Professores de Português nos Países Membros; Perfil dos Alunos egressos do ensino secundário em Língua Portuguesa, o que passa pela análise dos instrumentos nacionais de medição de desempenho dos alunos, como é o caso do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio do Brasil, para tomar um exemplo.”Esta demanda mostra a necessidade de reforçarmos as Comissões Nacionais, munindo-lhes de possibilidades de trabalho como, por exemplo, a existência de um secretariado que permita responder com celeridade e qualidade às demandas nos nossos Estados fixadas no plano de atividades”, disse Gilvan de Oliveira. Esta XVI Reunião foi presidida pelo Ministro das Relações Exteriores de Angola, Dr. Georges Chikoti, e que contou com a participação dos Ministros dos Negócios Estrangeiros e das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil, da República de Cabo Verde, da República da Guiné-Bissau, da República de Moçambique, da República Portuguesa, da República Democrática de S. Tomé e Príncipe, do Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Democrática de Timor-Leste e do Secretário Executivo da CPLP.