Seguindo a trilha da língua portuguesa na China, foram lançados oficialmente neste mês em Macau, os dois primeiros doutoramentos em português.

Em “dois ou três anos” o Governo Central tenciona duplicar o número de universidades que ensinam português. A informação foi dada pelo vice-ministro da Educação, Hao Ping, ao reitor da Universidade de Lisboa (UL), que visitou esta semana as universidades de Pequim e Tianjin. António Sampaio da Nóvoa esteve no para assinalar a abertura dos dois primeiros doutoramentos em português, em Língua e Cultura Portuguesa e em Administração Pública.
Os dois cursos, que vão ter início no ano lectivo 2011/2012, têm 20 vagas “não necessariamente para pessoas de Macau ou do IPM mas também para candidaturas internacionais”, esclareceu Sampaio da Nóvoa. “A nossa expectativa é que surjam muitas candidaturas da China e de outros lugares”, acrescenta.
A parceria entre a UL e o IPM é “muito importante e muito forte”. “É assim que se formam as elites universitárias e os professores que vão estar nas universidades e politécnicos. A nossa aposta em doutoramentos é central para reforçar a cooperação com a Macau”, referiu o reitor. O lançamento de cursos na área da educação está agora a ser discutido: “As negociações já estão bastante avançadas e imagino que dentro de três ou quatro meses estaremos em condições de anunciar a abertura dos cursos”.
A comitiva do reitor da UL foi recebida por Hao Ping e assinou acordos com a Universidade de Pequim e a Universidade de Tianjin. Sampaio da Nóvoa acredita que vários “jovens docentes muito qualificados” estão “disponíveis para a cooperação” e serão atraídos para Macau ou para a Continente. “Vai traduzir-se numa mobilidade desta geração para Macau e algumas universidades chinesas”, prevê.
A reunião com o vice-ministro da Educação foi “muito produtiva”. “Explicou-nos que existem neste momento 15 universidades chinesas que ensinam língua e cultura portuguesas e que o Governo tenciona duplicar esse número em dois ou três anos, o que é uma meta extraordinariamente ambiciosa”, contou o reitor. Hao Ping sugeriu também ao académico português a criação de uma plataforma para o ensino de Português na China, que estivesse ligada à Universidade de Pequim, à UL e ao IPM, entre outros estabelecimentos de ensino superior.
Em termos concretos essa plataforma significa, em primeiro lugar, “ter um espaço onde possa haver formação dos professores que vão ensinar língua e cultura portuguesa na China, [onde se realizem] pós-graduações, seminários, eventualmente mestrados”. Sampaio da Nóvoa falou também da importância de “um espaço de intercâmbio de trabalho, através de congressos e conferências anuais, onde os professores possam dialogar e actualizar-se”. Por último, o reitor salientou a importância da produção de “materiais didácticos, como manuais escolares, que facilitem o ensino da língua na China”.
A ideia é estender essa plataforma além de Portugal e China: “É essencial que se alargue às universidades brasileiras ou angolanas que têm hoje um papel muito importante na difusão da língua portuguesa no mundo”.
Texto de Inês Santinhos Gonçalves – Jornal online Ponto Final