Na cerimonia de inauguração da nova sede da CPLP em Lisboa, ocorrida hoje, o Presidente de Portugal, Cavaco Silva propôs a criação de “uma bolsa única de recursos humanos e financeiros” para impulsionar a língua portuguesa e uma maior abertura da CPLP à contribuição da sociedade.
Diante das personalidades políticas chamadas à cerimónia – entre as quais o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o secretário executivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, Domingos Simões Pereira, o vice-presidente de Angola, Fernando da Piedade Dias dos Santos, e antigos chefes de Estado como Joaquim Chissano, Pedro Pires ou Jorge Sampaio -, Cavaco Silva salientou que “A nossa língua é já hoje a sexta mais falada no mundo e, ainda mais importante, um dos idiomas em maior expansão, fruto não só do crescimento demográfico dos nossos países, mas também do aumento exponencial no interesse que vem suscitando a nível global”.
O Português, prosseguiu Cavaco Silva, “constitui um extraordinário ativo estratégico em termos políticos e económicos”. O que, defendeu, vincula os países da CPLP a encararem “como prioridade” a “educação e a formação” em Língua Portuguesa. Mesmo levando em linha de conta que “nem todos” dispõem dos “mesmos recursos” neste domínio.
“A CPLP poderia ser o fórum ideal para essa reflexão conjunta e para a adoção de programas de cooperação abrangendo todos os seus membros, com base numa bolsa única de recursos humanos e financeiros”, sugeriu o Chefe de Estado português, que insistiu na ideia de que a “expansão da Língua Portuguesa como verdadeira língua universal” cria “oportunidades de índole política e económica”.
“Descer à rua”
No plano da expressão da CPLP junto da sociedade civil, Cavaco sustentou que a organização deve “descer à rua” e abrir portas “ao contributo dos seus cidadãos, começando desde logo pelos mais jovens, para que estes a sintam como algo que lhes pertence, com que se identificam, como uma real mais-valia nas suas vidas”
Sem ignorar o que já foi concretizado desde a criação da Comunidade, a 17 de julho de 1996, o Presidente considerou necessário “ir mais longe”, “alargando os domínios de cooperação, atraindo uma maior diversidade de setores da sociedade para as iniciativas da nossa comunidade, divulgando, mais e melhor, aquilo que somos e fazemos, mas também o que queremos ser e fazer”.
Outro dos domínios em que Cavaco Silva entende que se impõe “ir mais longe”, apesar de “progressos importantes”, é a concertação política: “A forma articulada e consistente como a CPLP se apresentou na eleição de Portugal como membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e na escolha do novo diretor-geral da FAO [Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação] foram exemplos eloquentes do que acabo de dizer”.
Do vice-presidente de Angola, país que assegura agora a presidência rotativa da CPLP, as autoridades políticas portuguesas ouviram um agradecimento pela cedência do edifício, que se situa numa encosta do Castelo de São Jorge. Para Fernando da Piedade Dias dos Santos, estão agora “reunidas as condições mais adequadas” para que a Comunidade “possa cumprir o seu desígnio”.
A anteceder a intervenção de Fernando Piedade dos Santos, o secretário executivo da CPLP manifestou a convicção de que a estrutura internacional “pode e deve dar muito mais a todos e a cada um dos países”. “Temos simplesmente de continuar a sonhar juntos e, através de políticas internas coerentes e partilha das melhores práticas e sinergias a nível multilateral, transformar o sonho em realidade”, concluiu Domingos Simões Pereira.
O diretor do IILP, Gilvan Müller de Oliveira participa das atividades da CPLP e aproveita a ocasião para anunciar o próximo colóquio ” A Língua Portuguesa na Internet e no Mundo Digital”, realizado pelo Instituto em parceria com a UNILAB e o MEC brasileiro e que irá acontecer em abril próximo, em Fortaleza, Ceará, Brasil. Este é o terceiro de uma série de quatro que o IILP organiza como atividade preparatória à II Conferência Internacional Sobre o Futuro do Português no Sistema Mundial, a ocorrer em outubro de 2012, e da qual decorrerá um Plano de Ação para a política linguística comum da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, no modelo do Plano de Ação de Brasília para a Promoção, Difusão e Projeção do Português , decorrente da I Conferência e ratificado pelos chefes de Estado e de Governo da CPLP na Cimeira de Luanda.
O primeiro foi o “Colóquio de Maputo sobre a Diversidade Linguística na CPLP”, dando um panorama das 339 línguas falada nos PALOP’S e o segundo foi o “Colóquio a Língua Portuguesa nas Diásporas”, em Praia, Cabo Verde, que foi transmitido em tempo real pela internet.
O quarto e último será o “Colóquio de Luanda sobre o Português nas Organizações Internacionais”, em data a ser definida nos próximos dias.
RTP Notícias – Carlos Santos Neves – IILP – Márcia Cardoso.