O funcionário do Governo do Estado de São Paulo, Brasil, mapeia algumas boas iniciativas governamentais baseada nas TICs e adotadas em países que colocaram em prática a teoria da economia do conhecimento em sua gestão.
Por Roberto Meizi Agune
Os próximos anos mostrarão um acirramento na disputa das nações pelo domínio do ciclo de criação e circulação do conhecimento. Essa guerra sem tiros, mas com muitas vítimas, ocorre pelo simples fato de que a capacidade de produzir, utilizar e exportar conhecimento irá definir quais serão, para valer, os países mais opulentos do século XXI.
Por dever de ofício, temos acompanhado diversas iniciativas governamentais adotadas em nações nas quais o debate sobre a economia do conhecimento encontra-se mais amadurecido. Sem a menor pretensão de esgotar o assunto, vamos apontar neste artigo algumas das ações presentes nas agendas modernizadoras desses países que mais nos têm chamado atenção.
1. Readequação de todo o sistema educacional para a economia do conhecimento. Essa providência envolve local, forma e conteúdo. Não há mais como pensar que o processo de aprendizagem deva se restringir às salas de aula. Aprender sempre, e em qualquer lugar, é o lema. O uso sério da educação à distância e de métodos pedagógicos desafiadores insere-se, também, nesse desafio. Mais que isso, saberes emergentes vinculados à nanotecnologia, biotecnologia, sustentabilidade, ecoturismo, entretenimento, só para citar algumas áreas, dia após dia, ocupam mais espaço no currículo das escolas.
2. Construção de redes digitais cada vez mais densas, velozes e acessíveis para todos os cidadãos. A percepção de que, a cada momento, uma significativa e crescente porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) trafega por estradas virtuais, e não por rodovias, ferrovias, portos e aeroportos tem ampliado, de forma exponencial, o númerode políticas públicas dedicadas ao problema.
3. Incremento do número de ministérios, secretarias, agências e outras estruturas administrativas dedicadas especificamente à gestãodo conhecimento e à inovação. Ainda que essas estruturas não sejam, per se, garantia de modernização efetiva, têm o mérito de dar visibilidade aos esforços de ruptura dos modelos e paradigmas industriais.
4. Recalibragem das estruturas públicas de financiamento, de modo a valorizar a geração de produtos e serviços inovadores. Esse desafio passa, também, por uma revisão nos critérios de priorização de recursos, de modo a incorporar, nesse modelo, a produção de bens intangíveis e abrir espaço para empresas cujo grande capital seja a qualidade de seus recursos humanos.
5. Utilização de métodos e técnicas gerenciais pós industriais, como storytelling, brainstorming, jogos empresariais, entre outros, orientados para a captação e gerenciamento de ideias, estímulo à criatividade, tratamento de problemas complexos e prototipagem de produtos e serviços inovadores.
6. Revisão radical de processos, de modo a diminuir a burocracia e acelerar a entrega de serviços a uma sociedade cada vez mais bem informada e exigente. O uso de dispositivos móveis e de ferramentas sociais, como blogs, twitters e wikis, tem sido importante aliado desse movimento.
7. Ampliação da comunicação direta e descomplicadados governantes com a população, principalmente em relação aos seus segmentos mais jovens, utilizando recursos audiovisuais como vídeos, podcasts e chats.
8. Avanço na democracia participativa.O incremento no número de consultas populares, envolvendo desde o macroplanejamentode cidades até pequenas intervenções urbanas, e a avaliação de serviços públicos prestados diretamente por quem os utiliza são fenômenos cada vez mais corriqueiros, que exemplificam bem essa tendência.
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Roberto Meizi Agune é técnico da Secretaria de Gestão Públicado Governo do Estado de São Paulo – Artigo publicado na revista Inova.gov – https://www.inovagov.com.br/index.php?page=artigo-roberto-agune