Ganhadora do Estandarte de Ouro 2012 na categoria melhor escola, a escola de samba Unidos da Vila Isabel, do Rio de Janeiro, trouxe este ano para a passarela do samba Marques de Sapucaí, o samba-enredo “Você Semba Lá …. Que Eu Sambo Cá! O Canto Livre de Angola”, de autoria do cantor e compositor Martinho da Vila.
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A escola também levou os Estandartes de Ouro de melhor mestre-sala e melhor porta-bandeira, com o casal Julinho e Rute, melhor enredo e melhor ala das baianas.
O projeto da Escola apresentado à ministra da Cultura de Angola, Rosa Cruz e Silva, em setembro passado misturou elementos como o semba (estilo musical angolano) e o kuduro (uma dança típica do país) com alegorias de temática tribal assinadas pela carnavalesca Rosa Magalhães, em seu segundo ano consecutivo na organização do desfile da escola.A comissão de frente, bastante inventiva, trazia caçadores que se deslocavam e sumiam no meio da vegetação da savana. Ao centro, um rinoceronte estilizado que era montado e desmontado durante uma cena de caçada.
O carro abre-alas, “A Fauna Selvagem Angolana”, trouxe uma profusão de animais africanos, como girafas, zebras, crocodilos, chitas e antílopes.
O segundo carro, “Embondeiro – A Árvore da Vida”, trazia uma árvore de nove metros de altura representando um baobá africano muito comum em território angolano. O embondeiro é considerado uma árvore sagrada e seu caule pode ter um diâmetro de mais de três metros. “Essa árvore é sagrada, dá alimento, esconde, junta água, dá fruto. Ela faz parte da sobrevivência do povo”, explicou a carnavalesca Rosa Magalhães.
O castelo da lendária “Rainha Jinga” foi representado na terceira alegoria, toda feita em palha e decorada com máscaras de estilo tribal. A rainha Nzinga Mbandi Ngola, ou “Jinga”, era do reino de Matamba e viveu de 1581 a 1663. Sua figura é marcante na história angolana pois representou a resistência à ocupação pelos portugueses.
Já na quarta alegoria, a escola levou um navio negreiro para representar a vinda dos negros escravizados de Angola. “Vieram mais de quatro milhões de negros de Angola direto para o Rio. A viagem demorava um mês”, contou Rosa.
A chegada dos escravos ao Cais do Valongo, um mercado a céu aberto no Rio construído no fim do século 18 para o desembarque de milhares de escravos, também teve destaque na quinta alegoria da Vila Isabel. As influências africanas na música e festas brasileiras estão presentes na quinta alegoria.
Para fechar o desfile, o último carro levava Martinho da Vila e 75 baluartes da escola. Martinho, considerado embaixador cultural da lusofonia, disse que tem uma relação de carinho com os países africanos de língua portuguesa. “É uma honra, ganhei esse título quando Angola não tinha embaixada no Brasil. Eu recebia as autoridades logo no período da independência”, disse.
Fonte: O Globo