
De acordo com Ana Paula Fukushiro, professora de Fonoaudiologia na Universidade São Paulo, o processo de aquisição da fala encerra-se até os sete anos. Dessa forma, crianças nascidas no Brasil e que permaneceram no país até dois ou três anos de idade terão menos probabilidade de esquecer os sons da língua portuguesa.
“Mas o processo deve ser reforçado, falando-se bastante português dentro de casa para que se nalize o processo fonológico”, diz a especialista. Já os filhos de brasileiros nascidos no Japão terão estímulo das duas línguas. Segundo Ana Paula, nesses casos, o reforço deve ser mais intenso. “Manter o contato com outras famílias brasileiras e promover a interação entre as crianças (que serão outros modelos) ajuda no processo. Os pais podem ainda inventar brincadeiras com os sons mais difíceis”, diz a fonoaudióloga.
Dicas da Especialista
Não corrija a criança dando broncas. O melhor é mostrar o correto. Quando a criança disser: “Mãe, quero uma ‘bixicureta’, a mãe deve responder pausadamente: “Ah, uma bi-ci-cle-ta?”. Recursos audiovisuais podem ajudar. Programas de TV brasileiros, CDs, vídeos enviados por familiares e internet podem ajudar a se habituar com os sons da língua. Tenha paciência. Esse é um trabalho diário e um processo contínuo. A criança deve também entender a importância de conhecer e falar português. Não force. Sílabas como “si” e “la” são aprendidas geralmente a partir dos três anos. Não adianta obrigar a emitir esses sons antes do tempo.
Preguiça ou dificuldade? É importante identificar quando a criança tem dificuldade com o idioma e quando tem preguiça de utilizá-lo. Ana Paula indica que, nesse último caso, a mãe pode dizer: “Não entendi o que você disse”, para que a frase seja repetida sem utilizar palavras ou pronúncia do idioma japonês.
Recorra a um profissional. Essa é a melhor saída, mas ainda são poucos os fonoaudiólogos
brasileiros no Japão. As escolas brasileiras também não contam com esses especialistas para dar suporte às crianças que migram da escola japonesa para a brasileira. “O fonoaudiólogo japonês pode ajudar somente se tiver influência na língua portuguesa, o que é muito raro. Caso contrário, o profissional terá as mesmas dificuldades da criança na produção de determinados sons”, explica Ana Paula.