Cerca de 47 por cento dos funcionários responsáveis pelos idiomas das Organizações Internacionais irão para a aposentadoria nos próximos 4 anos, e os idiomas de África poderão ser os mais atingidos, caso não se assegure a manutenção de atividades nestas áreas.
Com esta informação, fornecida pelo Doutor Moss Lenga, Diretor do Departamento de Tradução e da Rede de Escolas de Tradução e Interpretação de Conferência da África, foi aberto o segundo dia do Colóquio Internacional “A Língua Portuguesa nas Organizações Internacionais”, realizado em Luanda de de 03 a 05 de julho do corrente. Moss Lenga é também coordenador do Projeto Africano, que tem por objetivo estabelecer centros de excelência em todo o continente, oferecendo pós-graduação de formação universitária na área de tradução, interpretação de conferências e serviço de interpretação pública.
O representante do Fórum de Macau, Doutor Joaquim Pereira da Gama, expôs a dimensão do comércio entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que chegou a 116 bilhões (mil milhões) de dólares no ano de 2011 e chamou a atenção para os projetos de formação de quadros em língua portuguesa que tem ocorrido na RAEM – Região Administrativa Especial de Macau, e que projeta este idioma naquela região do mundo.
Já o Doutor Amaral Lala, Diretor Adjunto para a Área Científica do Instituto de Relações Internacionais do Ministério das Relações Exteriores de Angola, fez uma análise histórica da emergência do sistema internacional de Estados mostrando que, a partir do século XVII, o francês substituiu o latim como língua internacional e, por sua vez, foi substituído pelo inglês a partir da Primeira Guerra Mundial. Para que o português ocupe maior lugar como língua diplomática, afirmou que é preciso atuar mais fortemente na educação das populações lusofalantes.
A Professora Doutora Marisa Mendonça, da Faculdade de Ciências da Linguagem, Comunicação e Artes da Universidade Pedagógica de Moçambique, trouxe ao público um histórico da formação de tradutores e de intérpretes de língua portuguesa do curso de mestrado, oferecido desde 2010 para formar profissionais nesta área com competência para trabalhar em organismos e instituições supranacionais e internacionais, incluindo a possibilidade de planificar no currículo do curso, algumas línguas africanas como, por exemplo, o Kiswahili.
Maria Alice Tavares, professora da Universidade Gregório Semedo, Luanda, falou sobre a concepção de uma base de dados multilíngue para uma tradução de qualidade na área das ciências econômicas dentro de uma perspectiva da gestão do conhecimento.
A Professora Doutora Maria da Graça Krieger, da Universidade do Vale dos Sinos, Rio Grande do Sul, Brasil, abordou a necessidade de padronização da terminologia em língua portuguesa, entendendo que este é um importante ato de política linguística da maior relevância. Advêm daí a necessidade de maior formação de quadros na área.
A última mesa do Colóquio teve como moderador o Senhor Embaixador de Angola junto a missão da CPLP, Helder Lucas, e contou com as palestras Professor Doutor José Pinto, da Universidade Lusófona de Lisboa, Portugal, do Mestre Márcio Undolo e do Engenheiro António Kizeidioco.
Penso que este colóquio é de grande valia à promoção da língua portuguesa no cenário internacional. São colocações e propostas que , ao meu ver, devem ser consideradas e postas em prática para que a língua de Camões possa alçar patamares de relevância nas organizações internacionais. Sou brasileiro do Estado de Alagoas, graduado em Língua Portuguesa e gosto muito deste idioma.