Macau, China, 17 ago (Lusa) – A Sociedade Internacional de Português como Língua Estrangeira (SIPLE) desafiou o Fórum de Macau a criar uma plataforma educacional para aproximar as línguas portuguesa e chinesa e fomentar as relações económicas, disse à agência Lusa a presidente Edleise Mendes.
A ideia foi apresentada no início do primeiro colóquio sobre o ensino das línguas chinesa e portuguesa na China e nos Países de Língua Portuguesa e, segundo Edleise Mendes, “foi muito bem recebida” pelo Secretariado Permanente do Fórum de Macau, que organiza o encontro.
O colóquio está a decorrer na Universidade de Macau, prossegue em Pequim entre 22 e 25 de agosto, terminando em Macau um dia depois.
O desafio lançado ao Fórum de Macau é sustentado nas ações que o organismo tem levado a cabo para “valorizar a expansão do português e as relações económicas e políticas entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.
“Teríamos de pensar em estratégias, numa plataforma política para a difusão dessas línguas [portuguesa e chinesa]. (…) É hora do Fórum de Macau pensar em criar uma plataforma educacional, ou seja, ao lado das estratégias políticas e económicas, por que não um Fórum Macau Educacional, a exemplo do Mercosul Educacional?”, exortou.
Para a presidente da SIPLE, “é importante avançar com ações educacionais e culturais mais amplas” e o colóquio em curso é a oportunidade ideal “para juntar pessoas e dar ideias para um setor que está preocupado em desenvolver relações políticas e económicas”.
“Investir numa plataforma ou numa linha de atuação educacional só vai facilitar a aproximação entre as línguas e culturas chinesa e portuguesa e consequentemente um avanço desses dois grandes blocos conjuntamente”, concretizou.
O Setor Educacional do Mercosul é uma das vertentes do bloco formado em 1991 e atualmente composto pela Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela, numa estratégia reforçada no ano passado com a criação do ‘Portal Mercosul Educacional’.
Um portal online para a língua portuguesa está, desde maio, em desenvolvimento pelo Instituto da Internacional de Língua Portuguesa, – por sua vez vinculado à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa -, para fazer face às necessidades de formação dos professores e de materiais didáticos.
Segundo a também professora da Universidade Federal da Baía, o projeto é justificado pela crescente procura da aprendizagem da língua portuguesa nas diferentes partes do mundo, e especificidades derivadas da diversificação do público.
“A aproximação da China, por exemplo, com os países de língua portuguesa vai causar uma necessidade da ampliação da oferta de cursos de português para chineses, por isso imaginem a grande procura que vai criar em termos de formação”, sublinhou.
A ideia é que o portal inclua uma base de dados de vocabulário e uma área com materiais para públicos específicos, desde o falante de espanhol ao aluno chinês.
Ao subscrever a ideia defendida pelo escritor José Saramago de que “não há um só português, mas várias línguas em português”, Edleise Mendes observou a importância de realizar “um projeto mais amplo da língua portuguesa”.
“Somos uma mesma língua, com diferentes culturas de base. (…) Se queremos fazer do português, de facto, uma língua de força internacional, que possa fazer frente às outras línguas que estão aí contemporaneamente no mundo, temos de nos unir”, rematou.
FV.
Lusa/Fim
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