O ministro-conselheiro da delegação do Brasil na UNESCO, Marcelo Dantas, considerou hoje que “o futuro da língua portuguesa no plano internacional está ligado ao que vai acontecer com o Brasil, Angola e Moçambique nos próximos 10 ou 20 anos”.
“O dinamismo que se está a notar no continente africano injeta um entusiasmo em relação à língua portuguesa”, disse Marcelo Dantas à agência Lusa à margem do congresso sobre “A língua portuguesa no mundo” que terminou ontem, em Paris.
O representante brasileiro defendeu que para uma língua se afirmar internacionalmente tem que ter alguns aspectos, tais como um grande número de falantes dispersos geograficamente por vários países, uma relevância cultural e uma relevância econômica. “A língua portuguesa preenche esses requisitos”, afirmou.
Mas o interesse suscitado pelo português por motivos econômicos por si só não promove a língua, “tem que haver uma política intensa de promoção da língua, os países lusófonos têm que cooperarem”, sublinhou Marcelo Dantas.
O congresso, que debateu o lugar da língua portuguesa no mundo, foi organizado na capital francesa pela diretora de Línguas Estrangeiras Aplicadas, na universidade Sorbonne Nouvelle, Isabel Oliveira, em cooperação com a delegação permanente do Brasil na UNESCO e em parceria com o gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário.
Neste segundo dia de trabalhos, o diretor do serviço internacional da RTP, José Arantes, falou de uma “mesma visão lusófona do mundo”. “Temos o mesmo miradouro”, disse, referindo a célebre frase de Virgílio Ferreira “Da minha língua vê-se o mar”.
O diretor do serviço internacional da RTP chamou a atenção para a defesa e projeção da língua portuguesa num triângulo de ação conjunta que passa pela obrigação dos portugueses defenderem e projetarem o português, pela participação cívica e política de quem fala português e pela conjugação de esforços dos governos lusófonos para apoiar e projetar uma política de defesa da língua.
O diretor de informação da TVI, José Alberto Carvalho, lembrou a edição de outubro do ano passado da revista Monocle, dedicada à Lusofonia e que pretendeu exemplificar por que é que o português se afirma como uma nova língua de poder e de comércio.
“Não precisamos de defender a nossa língua, precisamos de projetá-la, porque já há quem a respeite”, afirmou.
A sessão de encerramento do congresso teve como convidado o poeta e recente premiado com Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana Nuno Júdice que falou da idiossincrasia da língua portuguesa, e contou também com a presença do ministro da Economia português, Álvaro Santos Pereira.
Na sequência deste congresso será apresentado hoje (30/05), quinta-feira, em Paris, o livro “Vou Seduzir-te”, de Maria Antónia Jardim, a par com a reflexão sobre o tema “A nova cara da emigração portuguesa”.
O próximo congresso está a ser pensado para o próximo ano, em Luanda, na Universidade Agostinho Neto, numa cooperação da universidade Sorbonne Nouvelle de Paris com Ministério do Ensino Superior angolano.
TYG // JMR – Lusa/fim
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