
Em entrevista à Agência Brasil, Néstor Rego membro da executiva do partido Bloco Nacionalista Galego (BNG), que tem representação no parlamento da Galícia, salientou que “nas relações econômicas, o fator da afinidade linguística, junto com outros, como a proximidade e a complementaridade, ganham importância. Com Portugal, podemos explorar os dois primeiros. E com o Brasil, aliás uma potência econômica mundial, poderíamos, apoiando-nos na língua comum, estabelecer uma relação econômica muito interessante e mutuamente beneficiosa”. Além de apoiar a lei de iniciativa popular, o BNG apresentou ao parlamento galego a proposta de que a Comunidade Autônoma da Galícia peça a incorporação oficial à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).Os galegos já tentaram por duas vezes aproximação formal com a CPLP. Em ambas ocasiões a tentativa foi frustrada. A primeira vez foi em julho de 2011 quando Angola, ocupando a presidência pro-tempore da comunidade, propôs na 16ª Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP (realizada em Luanda) a candidatura da Fundação Academia Galega de Língua Portuguesa (entidade particular) como observadora consultiva. O pedido foi aceito inicialmente e publicado na internet. Posteriormente, o nome da entidade galega foi retirado. A ABr teve acesso às duas versões da resolução.Cerca de 20 dias após a reunião do Conselho de Ministros, a mesma fundação apresentou candidatura como observadora consultiva do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), durante a 6ª Reunião Ordinário do Conselho Científico do instituto. Segundo registro publicado no Boletim da Academia Galega da Língua Portuguesa (nº 5, de 2012), o pedido deveria ter sido submetido ao Conselho de Ministros da CPLP, que se reuniu este mês em Maputo (Moçambique) mas não apreciou a demanda.O Brasil e outros seis países da comunidade são simpáticos à participação galega. Em Portugal, há preocupação de que o apoio à participação possa eventualmente alimentar espírito separatista na Galícia e contrariar o governo central da Espanha, principal parceiro comercial de Portugal. A Agência Brasil tentou ouvir a direção do IILP e o Instituto Camões, que representa o governo português junto ao instituto, mas não obteve retorno. Na CPLP, a assessoria de imprensa informou que “não dispunha de informações”.Apesar da indefinição diplomática, Néstor Rego salienta que há colaboração entre a Galícia e os países da CPLP e que estão disponíveis, por exemplo, ferramentas eletrônicas de revisão de texto e auxílio à escrita nas diferentes variantes do galego-português. “O caminho está, portanto, aberto. Agora é preciso também que portugueses e brasileiros voltem os olhos para esta velha nação em que, há já mais de mil anos, nasceu a sua e nossa língua”.
Texto de Gilberto Costa
Correspondente da Agência Brasil/EBC