Há anos que as exportações portuguesas para o mercado brasileiro são lideradas por produtos como o azeite, o bacalhau e o vinho, mas há outros frutos da criatividade lusitana que vão ganhando uma posição de destaque. O estudo “A cultura e a criatividade na internacionalização da economia portuguesa”, coordenado pelo economista Augusto Mateus, acaba de revelar para onde Portugal está a exportar as suas indústrias criativas. E o Brasil é um dos principais destinos.
O relatório indica, por exemplo, que “em 2011, os dez principais clientes das artes visuais portuguesas foram Alemanha, Espanha, França, EUA, Reino Unido, Dinamarca, Países Baixos, Angola, Hong Kong e Brasil”.
No domínio das edições, o mercado brasileiro é também um destino relevante para Portugal. Algo que se tem traduzido num número crescente de editoras portuguesas a apostar no Brasil, como são os casos do grupo Leya, da Porto Editora e da Almedina. Nos últimos anos diversos escritores portugueses participaram em festivais literários brasileiros.
“Os dez principais clientes dos livros portugueses foram Angola, Moçambique, Espanha, Brasil, França, Reino Unido, Suécia, Cabo Verde, Timor Leste e Rússia. Só as vendas a Angola e a Moçambique explicam metade das exportações portuguesas”, indica o estudo que a consultora Augusto Mateus & Associados realizou para o Governo português.
Adicionalmente, refere o estudo, “os dez principais clientes da imprensa portuguesa foram Brasil, Angola, Suíça, Espanha, Cabo Verde, Moçambique, Marrocos, Canadá, Gibraltar e França”. O relatório nota mesmo que “só as vendas ao Brasil, a Angola e a Suíça explicam três quintos das exportações portuguesas”. O que poderá estar associado ao elevado número de portugueses emigrados nesses países.
A expressão do Brasil nas exportações da indústria cultural e criativa lusa estende-se ainda à arquitectura. De acordo com o estudo de Augusto Mateus, em 2011 os dez principais clientes dos desenhos de arquitectura portugueses foram Espanha (mais de 90%), Roménia, Angola, São Tomé e Príncipe, Marrocos, Cabo Verde, Suíça, França, Líbia e Brasil.
O relatório que o Governo acaba de publicar analisa em detalhe a relação da indústria criativa portuguesa com os mercados da lusofonia.
“Em 2011, Portugal exportou cerca de 220 milhões de dólares de produtos criativos para o mercado de língua portuguesa, entre artigos de design, de artesanato, de artes visuais, editoriais, de novos media e audiovisuais”, indica o estudo. “Este fluxo equivale a cerca de 15% das exportações portuguesas de produtos criativos para todo o mundo e a cerca de 4% da totalidade das exportações portuguesas, criativas e não criativas, para o mercado de língua portuguesa”, lê-se no mesmo documento.
Angola assume um papel fulcral no consumo externo de produtos culturais portugueses. “Em 2011, Portugal vendeu cerca de 172 milhões de dólares a Angola, destino de 77% da totalidade das vendas ao mercado de língua portuguesa”, indica o relatório da Augusto Mateus & Associados.
“Seguiram-se Moçambique (10% das vendas, com 21 milhões de dólares), Brasil (7% das vendas, com 16 milhões de dólares), Cabo Verde (4% das vendas, com nove milhões de dólares), São Tomé e Príncipe (1% das vendas, com dois milhões de dólares) e Guiné Bissau e Timor Leste (cerca de um milhão de dólares cada)”, detalha ainda o documento.
Os autores do relatório não têm dúvidas sobre a relevância de Angola como cliente da indústria criativa portuguesa. “Angola é o mais vibrante destino da última década: as exportações portuguesas para este país cresceram 20% ao ano, contra 16% para Moçambique e 11% para o Brasil”.
Mas dentro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o peso relativo de Portugal como fornecedor de produtos culturais é menor do que nos restantes mercados lusófonos. De acordo com o relatório agora apresentado, a quota de Portugal no total de produtos criativos que o Brasil importa é de apenas 0,5%. Em 2011 o Brasil terá importado produtos criativos no valor global de mais de 3 mil milhões de dólares, sendo os principais fornecedores a China (51%), EUA (12%), Canadá (7%), Hong Kong e Itália (4% cada).
Embora com um peso ainda reduzido na globalidade do consumo brasileiro de produtos culturais estrangeiros, Portugal destaca-se especificamente nas antiguidades (vale 4,6% das importações brasileiras), na pintura (3,1%) e na decoração de interiores (1,4%). No caso dos livros, Portugal é o 7.º fornecedor mundial, depois de EUA, Reino Unido, Hong Kong, China, Chile e Espanha, com uma quota de 3,2%.
Fonte: Portugal Digital