“Os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) podem funcionar como plataformas de acesso a outros mercados importantes”, casos da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), União Europeia, Mercosul ou Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), defendeu Jaime Esteves, da consultora PricewaterhouseCoopers (PwC)
A conclusão consta dos estudos feitos por aquele responsável sobre as oportunidades nos mercados lusófonos, a pedido da Associação Industrial Portuguesa (AIP), e que foram hoje apresentados num seminário sobre “Oportunidades e Mecanismos de Financiamento ao Investimento nos Países da CPLP”.
Segundo Jaime Esteves, os empresários portugueses “podem catapultar o acesso a esses mercados servindo-se de plataformas nos mercados lusófonos”, mas Portugal também pode servir como “plataforma de acesso à União Europeia ou ao espaço económico europeu aos empresários dos demais estados membros da CPLP”, e também dos países “que integram regiões onde os estados membros da CPLP se inserem”.
Estes mercados são “espaços de que os empresários portugueses e o Governo não podem alhear-se”, advertiu Jaime Esteves, que acentuou também a “capacidade que Portugal tem de servir como plataforma de acesso ao sul e do sul ao norte”.
No mesmo sentido, Jorge Braga de Macedo, representante pessoal do primeiro-ministro no Conselho Estratégico para a Internacionalização da Economia Portuguesa, defendeu que a ideia “de há 50 anos” de que era preciso “escolher entre o Atlântico, ou África e a Europa” já “não é assim”.
“A maneira de os países lusófonos se tornarem competitivos, todos eles, não é sobretudo comerciando ou investindo mais entre si – embora isso também seja relevante -, mas sim terem mais trocas com as regiões em que estão inseridos. Para Portugal é a União Europeia”, sublinhou.
Para o representante no Conselho Estratégico, “a economia portuguesa tem de se internacionalizar, mas se as outras economias lusófonas não o fizerem para as suas áreas de integração, então a lusofonia é uma coisa puramente de amizade, não de conhecimento mútuo”, como define a CPLP.
Também Maria João Veiga Gomes, da Agência para o Investimento e o Comércio Externo de Portugal (AICEP), defendeu que Portugal não pode olhar para os mercados lusófonos “como fazia há 20 ou 30 anos”, mas sim encarar as oportunidades “nos dois sentidos”.
A responsável advogou uma “lógica bilateral” que tenha em conta “o que as empresas destes países podem trazer às empresas portuguesas”, em termos de investimento.
A internacionalização das empresas portuguesas, sublinhou, “deve ser feita por razões positivas e não ser impulsionada pela crise e pela fuga para a frente”, recomendando aos empresários que têm de estar preparados “para investir e não apenas para exportar” e “para estarem mais presentes no mercado” numa lógica de longo prazo.
Tiago Abade, um dos autores do estudo da PwC sobre ajudas públicas ao desenvolvimento, destacou que o financiamento às empresas portuguesas para se internacionalizarem favorece os projetos em “setores mais carentes” nas economias emergentes, nomeadamente que “tenham algum impacto social e que criem algum crescimento económico”.
“A melhor forma de apoiar e ajudar os países em desenvolvimento não é só pela via da concessão financeira aos Estados, mas é ajudando as empresas a investir nesses países para que eles ganhem fôlego económico”, sustentou, referindo que “há um conjunto de entidades mundiais que financiam os países em determinados tipo