O segundo e último dia do Colóquio “A Língua Portuguesa, o multilinguismo e as novas tecnologias das línguas no século XXI”, realizado no CEFET-MG, em Belo Horizonte, teve início com um painel sobre dois projetos do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) no âmbito das novas tecnologias linguísticas do português como língua pluricêntrica, o Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC) e o Portal do Professor de Português Língua Estrangeira / Língua Não Materna (PPPLE).
O VOC foi apresentado pelo coordenador-geral da Comissão Brasileira do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), professor Carlos Alberto Faraco. Inicialmente, ele fez uma rápida retrospectiva sobre os acordos ortográficos firmados desde o início do século XX e apontou algumas questões sobre o acordo de 1990. Dessa forma, Faraco mencionou o artigo 2º do atual acordo, prevendo a “elaboração de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa.”
Para o professor, o VOC, coordenado pelo IILP, é um grande acontecimento na história da língua portuguesa como língua internacional e multicêntrica. “Os vocabulários nacionais contribuem para consolidar o português nos países da CPLP e, ao mesmo tempo, reúnem um acervo léxico que poderá alimentar a feitura no futuro de um grande dicionário geral da língua”, explicou Faraco.
Logo em seguida, a diretora executiva do IILP, Marisa Mendonça, apresentou o Portal do Professor de Português Língua Estrangeira / Língua Não Materna (PPPLE). O Portal é uma plataforma on-line, que tem como objetivo central oferecer à comunidade de professores e interessados em geral, recursos e materiais para o ensino e a aprendizagem do português como língua estrangeira.
De acordo com Marisa, o PPPLE “é uma plataforma inovadora. É o único portal em que temos as variedades da Língua Portuguesa. Com ele, temos a possibilidade de criar, futuramente, um certificado da CPLP, como o Celpe-Bras certifica aqui no Brasil. Temos ainda o mesmo nível de materiais impressos feitos por equipes multinacionais”, disse a diretora executiva do IILP.
VOC
O Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC) reúne os vocabulários nacionais de seis dos nove países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) – Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste –, conforme os princípios do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Trata-se de uma base de dados lexicográfica – atualmente, com 260 mil palavras – gratuita e on-line que mostra separação silábica, sílaba tônica, flexões possíveis, fontes, entre outras informações.
Acesse o VOC: https://voc.iilp.cplp.org
PPPLE
Os materiais do Portal estão divididos em unidades didáticas de duas horas-aula cada. Atualmente, são mais de 400 unidades disponíveis que podem ser usadas on-line ou baixadas em formado pdf. O acesso ao portal pode ser feito via Facebook ou conta própria no site.
Conheça o PPPLE: https://www.ppple.org/
Museu da Língua Portuguesa e Revista Platô para falar de tecnologia das línguas
O segundo painel do Colóquio “A Língua Portuguesa, o multilinguismo e as novas tecnologias das línguas no século XXI” desta quinta-feira, 16, intitulado “Ampliando as tecnologias das línguas”, teve início com o diretor Museu da Língua Portuguesa de São Paulo, Antônio Sartini. À frente do Museu há quase 9 anos, Sartini expôs o modo como a instituição utiliza a tecnologia como ferramenta de comunicação entre o visitante e os objetos de Museu.
Segundo o diretor, cerca de 70% dos visitantes do museu são de alunos de escolas públicas e, nesse sentido, é importante mostrar outras ferramentas de comunicação, não só as tecnológicas. “Nas nossas exposições temporárias, mesclamos tecnologia e objetos museológicos. “A tecnologia não substitui outras ferramentas de comunicação, ela é complementar. Por isso, não podemos esquecer outras formas de comunicação”.
Durante sua exposição, Sartini revelou a intenção de o Museu dar espaço para novas variedades da Língua Portuguesa e para outras línguas faladas no Brasil. “Queremos ampliar a participação e as informações dos demais países de Língua Portuguesa, nossos coirmãos, bem como a de outras línguas do nosso país, mostrando um Brasil de múltiplos idiomas”, afirmou o diretor.
Sartini mencionou ainda projetos e ações desenvolvidos pelo Museu da Língua Portuguesa, como uma plataforma educativa a ser lançada no fim do mês em www.estacaoeducativa.mlp.com.br.
Após Sartini, foi a vez de o presidente do Conselho Científico do IILP, Raul Calane, falar sobre a Revista Platô, do IILP. Primeiramente, Calane explicou o porquê do nome: “O nome foi dado para homenagear a localização da sede do IILP em Cabo Verde, a praia de Plateau”.
Conforme explicou o presidente do Conselho Científico do IILP, a Platô é semestral e está em seu quinto número. Ela está aberta a colaboradores dos países da CPLP e interessados em questões relativas à Língua Portuguesa em seus variados contextos e articulações. Ainda de acordo com
Calane, “hoje a Platô é apenas virtual, mas temos a intenção de torna-la mais material. Por tudo isso, ela veio para ficar, para durar e para compartilhar as ideias desse fascinante mundo, o da Língua Portuguesa”.
Por fim, a professora Rosângela Morello, mediadora do painel e cofundadora da Revista Platô, navegou pelo portal da Revista, mostrando os cinco números já publicado.
Tecnologias em favor do ensino de Português como Língua Estrangeira
O ensino de Português como Língua Estrangeira e sua interface com as novas tecnologias foi o tema em debate na tarde do segundo dia do Colóquio “A Língua Portuguesa, o multilinguismo e as novas tecnologias das línguas no século XXI”. Houve breves apresentações de quatro pesquisadores de três instituições diferentes, Simone Garofalo (UFMG), Christiane Moises (UnB), Sérgio de Oliveira (USP) e Regina Peret Dell’Isola (UFMG).
Cada um, à sua maneira, mobilizou aspectos relevantes da relação entre o ensino de PLE e as novas tecnologias, como grupos de discussão on-line, colaboração e aprendizado em segunda língua, livro didático, influência da tecnologia na forma de atuar e ensinar a Língua Portuguesa, entre outros.
Comitiva timorense encerra os painéis do Colóquio
O quarto e último painel do Colóquio “A Língua Portuguesa, o multilinguismo e as novas tecnologias das línguas no século XXI” abriu espaço para a comitiva do Timor-Leste, representada pelo presidente da Comissão Timorense do IILP, Benjamim Corte-Real. Durante a sua fala, Benjamim abordou os tipos e as dinâmicas das línguas no Timor-Leste. Segundo o timorense, há mais de 16 línguas próprias no País, ademais das introduzidas (tétum, português, inglês, bahasa indonesia, mambai etc.). Nesse sentido, há línguas oficiais, de trabalho, de ensino etc.
Ainda de acordo com o presidente da Comissão Timorense do IILP, nos primeiros anos após a independência de Timor-Leste, conseguida em 2002, com a saída da Indonésia de seu território, a introdução da Língua Portuguesa no território timorense foi difícil, pois, nas escolas, a maioria dos professores falava indonésio, e não português. “Inclusive, a maioria dos alunos compreendia melhor o indonésio.”
Foi necessário um esforço político, investimento em novas metodologias de ensino, entre outras medidas, a fim de minimizar a discriminação e promover a popularizar a Língua Portuguesa, bem como conscientizar o papel estratégico do português para Timor-Leste (mais investimento e mais tecnologia).
O Colóquio “A Língua Portuguesa, o multilinguismo e as novas tecnologias das línguas no século XXI” foi realizado pelo Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (IPOL), pela Secretaria de Relações Internacionais do CEFET-MG e pela Fundação CEFETMINAS, com promoção da UNESCO, do IILP e do CEFET-MG.
Debate final propõe Carta de Belo Horizonte
Após dois dias de muitos painéis, conferências e palestras, chegou a fim, nesta quinta-feira (16), o Colóquio “A Língua Portuguesa, o multilinguismo e as novas tecnologias das línguas no século XXI”, em Belo Horizonte. Fechando o colóquio, foi realizado um debate final intitulado “A diversidade linguística da CPLP rumo à Conferência das Nações Unidas sobre a Multilinguismo em 2017”, moderado pela diretora executiva do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), Marisa Mendonça, e composto pelo assessor do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (IPOL), Gilvan Müller de Oliveira; pela coordenadora-geral do IPOL, Rosângela Morello; pela secretária de Relações Internacionais do CEFET-MG, Maria Inês Gariglio; e pelo vice-presidente do Comitê “Informação para Todos” da UNESCO na Rússia, Evgeny Kuzmin.
Inicialmente, Marisa fez um resumo sobre os temas debatidos durante os dois dias do Colóquio. “Podemos olhar os três eixos aqui debatidos – Língua Portuguesa, Multilinguismo e Novas Tecnologias – de forma separada e podemos olhar de forma integrada. E essa forma integrada pairou aqui”, disse a diretora executiva do IILP.
Em seguida, a mesa sugeriu a criação da Carta de Belo Horizonte, um documento com considerações e proposições e recomendações visando a Conferência das Nações Unidas sobre o Multilinguismo em 2017.
Nos próximos dias, a Carta de Belo Horizonte, com suas considerações e proposições, será publicada.
Fonte colaborativa : Asses. Imprensa CEFET – MG, por André Silva