Mais de 150 linguistas participam no IV Congresso Internacional da Associação Internacional de Linguística do Português (AILP) que começou ontem na Universidade de Macau (UM). Para Roberval Teixeira e Silva, presidente da AILP e docente da UM, este evento lança as bases para a criação de um documento orientador destinado a diversas instituições públicas e privadas.
“Queríamos trazer pesquisadores de cada país para fazer um documento, que fosse útil para embaixadas, consulados, governos, instituições de fomento, no sentido de apoiar mais iniciativas ligadas à língua portuguesa, não apenas em termos de pesquisa, mas também em actividades culturais”, disse Roberval Teixeira e Silva, ao destacar um dos objectivos do congresso.
“A linha orientadora é a do Português como ‘língua legião’, porque são muitas variantes da mesma língua, muitos sujeitos a viver com a Língua Portuguesa, que precisam de ser visíveis e respeitados”, frisou o docente, acrescentando que a ideia é que seja direccionado à superdiversidade.
De acordo com o presidente da AILP, na assembleia geral de hoje será proposta a criação de um grupo de trabalho com vista à elaboração do documento. Os trabalhos começam no território e serão ultimados através da internet. “As coisas precisam de acontecer sem demora”, frisou, avançando que o documento deverá estar pronto até meados de 2015.
“Este congresso foi pensado para reflectir a Língua Portuguesa na Ásia, porque sabe-se muito pouco sobre a região. À excepção de Macau que é uma referência para toda a Ásia sabemos muito pouco sobre o que acontece na Indonésia ou Malásia”, referiu Roberval Teixeira e Silva, apontando outro objectivo do encontro.
Salientando que, “como a perspectiva dos Países de Língua Portuguesa é cada vez mais promissora em termos mundiais, a língua vai aparecendo e brotando em mais espaços”, o docente da UM considera importante saber o “é que está acontecer com a língua portuguesa? Como é que funciona e que tipo de imagem existe sobre ela?”.
“Este congresso coloca Macau mais uma vez na rota das grandes pesquisas e universidades”, asseverou Roberval Teixeira e Silva ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU, destacando que, desde 2011, a UM e o território estão cada vez mais na boca dos brasileiros e portugueses. “Sobretudo no Brasil, Macau está mais presente na fala do que no estudo da língua portuguesa, porque querem saber mais sobre o território e, como estamos a trabalhar para mostrar este espaço de língua portuguesa, é fundamental”.
O presidente da AILP mostrou-se satisfeito com a adesão ao congresso. “É óptimo, porque não é simples vir para Macau, é um espaço relativamente distante dos grandes contingentes de pessoas que falam português”, recordou, salientando no entanto que também é um território que “cativa as pessoas que trabalham com a língua portuguesa”.
Actualmente, a UM preside à 4ª direcção da AILP e, segundo o docente, no próximo mandato também deverá continuar a “marcar pontos” na presidência.
No programa de hoje estará em destaque a presença do Português em Macau. Durante a tarde, numa das oficinas, vai ser analisado o projecto “Conectando jovens falantes de português no Mundo”, no âmbito do qual alunos da Escola Portuguesa de Macau e Escola Anglicana trocaram cartas com uma escola brasileira. “Criou um movimento de motivação e intensidade que foi impressionante e reflecte a ideia da língua portuguesa no mundo, que pode juntar e conectar pessoas de diferentes lugares”, disse o docente.
Fonte: Tribuna de Macau, por Liane Ferreira