Um estudo de diagnóstico do português falado e escrito feito pelo ILPE (Instituto de Línguas e Protocolos Executivos) recomenda que se deve ensinar o português mais cedo, que os pais devem assumir a língua portuguesa numa vertente lúdica e que deve ser criado um plano nacional de leitura para todo o país. As recomendações foram apresentadas ontem (03), na cidade da Praia, à margem da Primeira Jornada de Partilha e Reflexão sobre a Língua Portuguesa de Cabo Verde promovida por esse Instituto e pela Casa Verbo e Edições.
Segundo Augusta Évora, docente da UNI-CV e Coordenadora da Casa Verbo e Edições, o diagnóstico mostra que há um perigo eminente de desaparecimento da língua portuguesa, que advém não da convivência do Português com o Crioulo cabo-verdiano, mas da falta de separação entre as duas línguas. A coordenadora realçou que há vertentes da língua portuguesa que estão a ser descuradas neste momento, nomeadamente a vertente oral.
O estudo mostra que a leitura está em relação a qualquer outras das habilidades, a mais prejudicada. “Há uma falta de leitura, mesmo em universitários. “ Isso, como nós não temos o português no dia-a-dia em outros ambientes a não ser escolares e oficiais, acaba por prejudicar realmente a competência linguística dos falantes. Quando não há leitura e há pouca prática da oralidade, há uma deficiência grave. E a escrita, mesmo a parte gráfica, está a ser invadida pela escrita dos chats”, referiu.
Salientou ainda que uma das maiores preocupações nste campo é a questão dos programas, principalmente os do ensino superior, que são programas defasados, havendo ausência de manuais didáticos, o que muito enfraquece o gosto pela leitura.
Ensinar o português mais cedo é uma das recomendações principais do estudo. “Os pais devem assumir a língua portuguesa numa vertente lúdica e que deve haver um plano de leitura global para todo o país, que pode ser promovido via Ministério da Educação e da Cultura.”
Os professores já estão agora a ser preparados para terem uma abordagem mais comunicativa e mais aberta para o ensino da língua, entendendo que tem que ser a perspectiva de língua segunda”, concluiu.
Fontes colaborativas: Rádio Educativa CV e TVC