Ministro defende que língua portuguesa não pode ser reduzida apenas ao valor econômico

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“Uma língua tem múltiplas funções, é um instrumento de expressão, de comunicação, de pensamento, é um veículo de cultura e também um instrumento de trocas, incluindo trocas comerciais e econômicas. E deve ser isso tudo. A política da língua deve ter por base a própria língua. A língua basta-se a si própria, não é para […]

ministro“Uma língua tem múltiplas funções, é um instrumento de expressão, de comunicação, de pensamento, é um veículo de cultura e também um instrumento de trocas, incluindo trocas comerciais e econômicas. E deve ser isso tudo. A política da língua deve ter por base a própria língua. A língua basta-se a si própria, não é para ser apoiada por ser funcional para um objetivo terceiro”, sustentou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, que intervinha na sessão de encerramento do “Seminário de Cooperação Internacional – Desenvolvimento, Cultura e Língua”, que decorreu no último dia 07, na sede do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, em Lisboa.

“Percebe muito bem o valor da língua para os negócios quem começa por perceber o valor da língua como expressão pessoal e coletiva, comunicacional e cultural. Percebe mal o valor econômico de uma língua quem quer perceber o valor de uma língua a partir da dimensão econômica”, sublinhou.

O ministro apontou  o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua como o ” pivô de uma rede de responsabilidades partilhadas que inclui as escolas, os politécnicos e as universidades, as autarquias e as fundações, os luso-eleitos em várias sociedades europeias e americanas, os investigadores e professores e os que hoje representam várias centenas de milhares de pessoas que estudam português e em português fora de Portugal”, mencionou.

“O que nós pedimos do instituto Camões, como serviço do Estado encarregado de executar a política da língua portuguesa na sua frente externa e internacional, é que cuide da língua portuguesa como a língua das pessoas comuns, dos poetas, dos romancistas, dos escritores, das pessoas cultas, das pessoas que se exprimem e comunicam entre si em português. E depois, naturalmente, ajudar-nos-á muito a valorizar o enorme potencial económico da língua portuguesa”, destacou.

“Às vezes, somos obrigados a chamar a atenção de todos para a economia, mas a melhor maneira que temos de chegar à economia é não reduzir ao valor econômico os enormes recursos que temos”, disse, deixando uma garantia: “Não é preciso, pelo menos enquanto eu for ministro dos Negócios Estrangeiros, justificar-me ações dizendo que isto é muito importante para o comércio externo. Eu percebo a importância para o comércio externo de qualquer ação de promoção da poesia portuguesa”.

A aprendizagem do português como língua estrangeira é “o caminho mais sólido de consolidar o português como língua global”, considerou o ministro.

Na sua intervenção, o governante enalteceu o papel do instituto Camões, que está presente, “de diferentes formas”, em 84 países e tem 67 centros, além de “um centro virtual muito importante” e 173 bolsas.

“Todo este esforço é muito importante e não tem paralelo no universo dos países de língua portuguesa. A responsabilidade histórica de Portugal é evidente, mas Portugal não pede meças a nenhum país neste plano”, referiu.

Da mesma forma que, mencionou, nenhum país tem mais direitos sobre o português do que os restantes.

“Somos apenas 10 ou 15 milhões de falantes de uma variante de uma língua que pertence a 250 milhões de pessoas, em vários continentes, países, povos e nações, que a falam, a escrevem e a dizem de forma naturalmente diferente. Não há nenhum país que tenha direitos de autoridade ou de precedência histórica sobre os outros e nenhum povo pode arrogar-se ter o monopólio de escrever bem ou falar bem o português”.

Sobre a propina cobrada em alguns países no ensino do português no estrangeiro, Santos Silva disse que o Governo analisará o assunto “com cuidado”.

“É preciso analisar a questão mais genérica dos custos da aprendizagem do português, tendo em conta os custos em que as famílias incorrem e, por outro lado, os benefícios que retiram os estudantes. Ao lado das propinas, eu devia colocar também, para ter uma visão global da questão, as bolsas e os materiais que são oferecidos”, considerou.

Fonte colaborativa: Lusa
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