Sírios refugiados no Brasil concluíram em São Paulo a primeira turma de um curso de português realizado em uma mesquita da capital. Em uma noite de gala, a turma se formou sob a supervisão da Missão Paz, encarregada do projeto em parceria com o Consulado dos Estados Unidos. Para os sírios, o diploma é só um detalhe. Aprender o português é o primeiro passo para acabar com a exclusão social.
Segundo o professor de português Feres Fares, “a primeira coisa que eles se preocupam é arrumar emprego”. “Todo mundo quer trabalhar, ninguém quer ficar em casa, parado. E a maior dificuldade é a língua portuguesa, é falar o português. Todos eles falam árabe, e o português para o árabe tem uma diferença grande”, explica.
Engenheiro validou diploma

O curso afetou a vida do engenheiro de computação Kamal Daqa, que veio ao Brasil fugido da guerra na Síria. Ele só conseguiu validar o diploma no Brasil porque não faltou às aulas para aprender o português.
“Fiquei sem trabalhar mais de sete meses porque não tenho língua, nada, só eu falo inglês e árabe, inglês e árabe não ajuda aqui no Brasil”, afirma ele, comemorando o diploma.
O fotógrafo da festa, Tony Boueri, também é refugiado. Ele veio para o Brasil em 1979, durante a guerra do Líbano, e na época não teve quem o ajudasse. Para ele, é emocionante ver a recepção de refugiados no Brasil.
“Está tá tendo bastante ajuda, está tendo língua, está tendo escola para aprender a língua . Porque é muito importante, quando a pessoa sabe falar, consegue fazer, trabalhar, ganhar dinheiro, se virar na vida. Sem isso, não consegue fazer nada, a língua em primeiro lugar”, afirma Boueri.

Hanan Dacka, de 11 anos, aprendeu a falar português fluentemente em um ano de ensino e não sabia nada até então.
“Graças a Deus que eu aprendi mais rápido, porque quando a gente veio para cá, foi um problema grande, porque a gente não falava português. A gente vai para o médico, a gente não sabe conversar, e a gente não sabe nem quem é quem”, explica. “A gente acha agora que aqui é o nosso país. Eu falo pra minha mãe: eu não quero voltar para a Síria. Se acabar a guerra eu só vou visitar”, disse.
Fonte: G1