À PROCURA DE NOVAS FORMAS DE ENSINAR PORTUGUÊS

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Por Catarina Almeida O terceiro Curso de Verão em Português, organizado pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM) através do Centro Pedagógico e Científico, reúne até sábado 21 docentes de Português oriundos de 15 universidades do Interior da China. Ao longo dos seis dias, o curso oferece 38 horas de formação em várias vertentes, tais como […]

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Por Catarina Almeida

O terceiro Curso de Verão em Português, organizado pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM) através do Centro Pedagógico e Científico, reúne até sábado 21 docentes de Português oriundos de 15 universidades do Interior da China.

Ao longo dos seis dias, o curso oferece 38 horas de formação em várias vertentes, tais como a fonética, a gramática e a cultura. Assim, o Centro Pedagógico e Científico conseguirá atingir a meta de “200 horas de formação para docentes”, anunciou o diretor do Centro, Carlos André, durante a sessão de abertura do curso de Verão.

“Participar nesta ação de formação é uma mais-valia na medida em que figura como um estímulo e intercâmbio  entre docentes”, salienta Sophia Wen, diretora do Departamento de Português da Universidade de Economia e Negócios Internacionais da China. “Vai ajudar-me a ter uma melhor percepção de como organizar as aulas, sobretudo ao nível da audição e da conversação”, notou ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU a professora, que leciona Português naquela instituição desde 2009.

Além disso, salientou a importância dos “professores mais jovens” serem os principais destinatários do curso. “A maior parte dos docentes de Português na China são muito jovens, acabaram a licenciatura ou mestrados muito recentemente e, por isso, não têm muita experiência no ensino da língua”, disse.

Apesar de alguns entraves que possam surgir no ensino da língua, Sophia Wen não se arrepende da escolha que tomou sobretudo porque “o mercado de expressão portuguesa [na China] está cada vez maior”.

 Curso atrai futuros docentes de Português

Entre os formandos há também aspirantes a professores de Português, como Cecília Jiao, aluna no segundo ano de mestrado da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai. Depois de ter frequentado uma ação de formação do mesmo género em Xangai, não quis perder a oportunidade de alargar o leque de conhecimentos na área do ensino com os professores de Português do IPM. “Ao longo de toda esta formação vamos aprender novos métodos de ensino, por exemplo, como tirar partido das músicas no ensino da pronúncia”, disse Cecília Jiao, ao frisar que será uma oportunidade “muito interessante” até porque “nunca tinha ouvido falar deste método em Xangai”.

Prestes a entrar no mercado de trabalho, Cecília Jiao desvendou o motivo que a levou a enveredar pelo ensino da língua portuguesa. “Escolhi Português porque em 2010 havia poucas pessoas a aprender a língua e isso ia ajudar-me a arranjar trabalho na área”, destacou ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU.

“Depois de ter descoberto mais sobre Portugal o curso tornou-se ainda mais interessante e não me arrependo de ter tomado esta decisão”, acrescentou.

Vivian Zhang, colega no mesmo programa de mestrado, tem as mesmas aspirações profissionais. Do seu ponto de vista, fazer parte deste grupo de formandos permitirá aprender “novas formas de ensinar a língua”, como “contatar com os alunos nas salas de aulas” e outros “aspectos relacionados com a gramática”.

Admitindo o gosto pela “cultura europeia”, Vivian Zhang explica que ser professora de Português na China é uma mais-valia já que “há muito espaço no mercado”. “É uma escolha muito segura e garante-nos entrada imediata no mercado de trabalho”, disse.

A adoração por Portugal e pela língua portuguesa é óbvia para Helena Hu, professora há um ano na Universidade de Nankai. “Licenciei-me em língua e cultura portuguesa, depois continuei a estudar e a trabalhar em Portugal”, contou.

“Adoro o país e a língua, e depois da experiência que tive em Portugal decidi voltar à China para começar a dar aulas”, recordou.

Ao mesmo tempo, Helena Hu defende que “é um facto comprovado que aqueles que sabem falar Português têm mais oportunidades em arranjar emprego. É uma mais-valia”, acrescentou. Segundo a docente, a falta de materiais é uma das “principais problemáticas no ensino da língua na China”.

Por sua vez, o diretor do Centro Pedagógico e Científico adiantou que o quarto número do livro “Português Global” já está terminado e as restantes edições também estão praticamente concluídas. “Continuaremos a produzir materiais e livros. A outra boa notícia é que os três volumes anteriores já estão a ser editados por uma editora de Pequim e, portanto, ainda este ano terão o Português Global disponível para utilizarem nas vossas aulas”, anunciou Carlos André ao grupo de docentes.

Lei Heong Iok, presidente do IPM, garantiu que a instituição de ensino continuará a dar todo o apoio aos professores que estejam a dinamizar o ensino da língua portuguesa na China. “Queremos estar do vosso lado. Se precisarem do nosso apoio não só ao nível da formação como na preparação de materiais e outros aspectos, digam-nos”, exortou.

Através da relação bilateral, o presidente do IPM espera ver resultados ao nível da “construção da plataforma que não é só de comércio e de relações econômicas, mas também de ensino, educação e mais importante de amizade”.

Quanto à composição do curso, os formandos terão a oportunidade de cimentar conhecimentos nas áreas da fonética e fonologia da língua. No módulo de 12 horas intitulado “canções e TIC no ensino da pronúncia”, estes dois temas vão ser abordados com recurso a canções portuguesas como instrumento didático.

Outro componente está relacionado com as estruturas da língua portuguesa e há ainda espaço para aprender sobre a gramática para o texto e para o discurso, no âmbito do módulo “Ensinar gramática para o texto e para o discurso na aula”.

O terceiro “grande bloco” diz respeito às “literaturas, culturas e identidades” que será orientado pelo professor Carlos André e por uma docente que trabalha na área da literatura, com ênfase na africana e brasileira.

No espectro cultural, o curso volta a incluir um segmento para curtas-metragens, cada um dedicado a um país lusófono. Porém, este ano o módulo será orientado por um especialista na matéria que aproveitará a oportunidade para mostrar os seus trabalhos na área.


Fonte: TJM
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