A obra, da autoria de Lily Tran, consultora de viagens responsável pelo mercado lusófono numa agência de promoção turística em Hanói, nasceu da vontade de “ajudar os cidadãos vietnamitas que trabalham nos países de língua oficial portuguesa, nomeadamente em Angola”
A ideia passa por “facilitar-lhes o acesso à aprendizagem, uma vez que o tempo disponível para frequentarem um curso de português nesses países é geralmente escasso devido aos seus afazeres laborais”, disse a autora, em entrevista por e-mail à agência Lusa.
O objetivo do livro é “permitir que os vietnamitas aprendentes de português o possam fazer de uma forma simples e fácil, evitando, assim, dificuldades e obstáculos que possam levá-los a desmotivarem-se pela aprendizagem do português”.
Intitulado “Học Tiếng Bồ Đào Nha Không Khó” em vietnamita, o livro – com 17 capítulos, cada um deles dividido em três – versa sobre a teoria geral da gramática, oferecendo exemplos, exercícios práticos e diálogos escritos relacionados com o tema principal de cada capítulo, detalhou.
Para Lily Tran, o livro surge ainda num contexto de crescente interesse pela língua portuguesa, em particular entre os jovens vietnamitas: “Tenho-me apercebido de que há mais vontade e disposição para a aprendizagem da língua e cultura portuguesa. Mesmo aqueles que já possuem conhecimentos procuram melhorar os mesmos”, afirmou.
Além disso, “o número de alunos matriculados no Departamento de Língua Portuguesa da Universidade de Hanói tem vindo a aumentar”, realçou, apontando ainda que universidades de Portugal têm firmado acordos de intercâmbio com a instituição, “concedendo aos vietnamitas a possibilidade de poderem frequentar uma universidade portuguesa, muitos deles ao abrigo do programa Erasmus”.
Lily Tran concluiu a licenciatura em Língua Portuguesa na Universidade de Hanói. Em 2011, participou no Curso de Verão de Língua e Cultura Portuguesa da Universidade de Macau e foi, depois, bolseira da Fundação Oriente.
“Devido à minha paixão pelos idiomas latinos, decidi optar por um dos menos conhecidos e estudados no Vietname – o português – na esperança de que o mesmo me facilitasse o ingresso no mercado de trabalho como tradutora/intérprete de português”, salientou.
No Vietname, “Francisco de Pina, um jesuíta português, no século XVII, foi o pioneiro da romanização da língua escrita vietnamita”, e “o português foi usado como base alfabética para a escrita da língua vietnamita, o atual Quoc Ngu”, referiu.
Fonte: Notícias ao Minuto