A forma de funcionamento das turmas bilíngues, em português e mandarim, os requisitos exigidos aos alunos ou a língua veicular das disciplinas figuraram entre as perguntas colocadas por pais — chineses e portugueses — que encheram a sala onde teve lugar uma sessão de esclarecimento sobre o projeto-piloto promovida pela Direção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), no último dia 25, em Macau.
Com o intuito de formar talentos bilíngues, o Governo de Macau anunciou, na semana passada, que pretende criar uma ou duas turmas em português e chinês no primeiro ano do ensino primário e ensino secundário geral na Escola Oficial Zheng Guanying e no primeiro ano do ensino primário na Escola Primária Luso-Chinesa da Flora.
Diana Massada, que tem um filho a frequentar o primeiro ano do ensino infantil na Zheng Guanying, do qual é o único ocidental, foi uma das participantes: “A razão de ter vindo cá é tentar perceber até que ponto esta formação de bilíngues se vai efetivar, porque o projeto é, sem dúvida, interessante e necessário em Macau”, afirmou, falando das dificuldades na prática.
“Para um aluno que em casa fala português ter o ensino de português como língua estrangeira é desmotivante — não é bom pedagogicamente. E, portanto, é preciso pensar este projeto para que se possam formar bilíngues — quer de língua-mãe, em casa chinesa, quer de língua-mãe, em casa portuguesa”, observou, considerando o projeto “essencial para Macau”, apesar de ter “muito para andar e ser trabalhado”.
Segundo Iun Pui Un, chefe de departamento de Gestão e Administração Escolar da DSEJ e as diretoras das duas escolas, as disciplinas vão ser ministradas parte em português e parte em mandarim, pretendendo-se um “equilíbrio”, para permitir aos alunos “aplicar mais essas duas línguas” e “fortalecer as suas bases”.
Com efeito, o português vai ser a língua veicular das aulas de educação física, artes visuais ou música; enquanto disciplinas mais fundamentais, como matemática, por exemplo, vão ser lecionadas em mandarim, segundo explicado durante a sessão.
Outra dúvida teve a ver com o conhecimento que os alunos precisam de ter à partida. “O melhor é ter já uma base, mas não é um princípio fundamental. É só o ideal”, sublinhou Iun Pui Un, garantindo que aos alunos com dificuldades será dado “apoio” complementar.
Vários pais manifestaram interesse no novo programa, mas também “preocupação”, receando que os seus filhos não se consigam adaptar ao novo modelo de ensino ou que seja exercida uma maior pressão sobre eles ao nível da aprendizagem.
O período de inscrição para as turmas bilíngues decorre de 01 a 31 de março.
A criação das novas turmas bilíngues será estendida, anual e progressivamente, aos anos de escolaridade mais avançados.
Apesar de o português e o chinês serem línguas oficiais — e toda a máquina administrativa de Macau funcionar nos dois idiomas — são poucos os residentes que dominam as duas línguas. Além disso, nas ruas, nas lojas e nas escolas o cantonês sempre foi a língua maioritária, apesar da crescente presença do mandarim.
Fonte:DM (ISG) // MAG – Lusa