A edição 2018 do Festival de cinema itinerante da língua portuguesa arranca em Lisboa sob o tema “A língua em movimento”, propondo uma mostra de cinema de países de línguas derivadas do latim. Esta é a edição com maior número de filmes africanos em exibição.
2018 fica marcado por uma mostra “Os diferentes sotaques da língua portuguesa“, incluindo filmes africanos como “Percursos“, um documentário do angolano Mauro Pereira sobre um emigrante cabo-verdiano em Angola.
“Vestindo a religião“, outro documentário mas de Moçambique de Yara Costa retrata o Islão à africana na Ilha de Moçambique.
Constam ainda “Mina Kiá” de Katya Aragão de São Tomé e Príncipe, sobre uma infância difícil, ou “Hora di Bai – Hora de partida” da realizadora cabo-verdiana Samira Vera Cruz, sobre tradições e superstições na ilha de Santiago.
A maioria dos realizadores em causa marcarão presença no certame.
Nos documentários em competição há igualmente propostas oriundas da África lusófona.
“Serviçais das memórias à identidade” do são-tomense Nilton Medeiros evoca o destino dos serviçais, mão de obra que São Tomé e Príncipe acolheu, na sequência da abolição da escravatura, proveniente de Angola, Moçambique e Cabo Verde.
Enquanto isso “Sonho longínquo do Equador” de Hamilton Trindade foca-se na juventude das “ilhas do meio do mundo“.
Nas curtas metragens em competição destaque para “O Bêbado” do cabo-verdiano Nelson Custódio, seguindo um jovem marcado pelo alcoolismo na ilha de São Vicente.
“África na Europa” de Atcho Express da Guiné-Bissau segue o percurso de um artista africano no velho continente.
“100 dias” aborda a questão em Angola do sexo antes do casamento enquanto “Pá nha tera (pela minha terra” aborda a preservação do ecossistema marinho no arquipélago dos Bijagós.
Léa Teixeira, directora-geral do festival, comenta a aposta africana desta edição, admitindo a supremacia de propostas brasileiras e portuguesas, em menor escala, em relação às ainda poucas produções oriundas de Timor Leste ou da África lusófona.