Na cerimónia de entrega dos Prémios Autores 2018, que teve lugar ontem, dia 20 de Março, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, foram distinguidos, na categoria literatura, os seguintes autores:
MELHOR LIVRO DE FICÇÃO NARRATIVA
“O Pianista de Hotel” de Rodrigo Guedes de Carvalho
Editora: Dom Quixote
«O novo romance de Rodrigo Guedes de Carvalho, que marca o regresso do autor à ficção dez anos depois de ter publicado Canário, em 2007, transporta-nos numa melodia. É uma entrada para um mundo regido pela linguagem da música, pela sua força e beleza, presentes no ritmo de cada frase, de cada parágrafo rigorosamente medido. Livro em camadas, nele se cruzam diversos planos, diversas histórias perpassadas pelo poder redentor da música «que entra e rasga» a solidão, a dor e o vazio das pessoas que habitam nestas páginas.
Com um vasto subtexto, a densidade das personagens está carregada de mistérios que nos prendem a sucessivas interrogações. Há um pouco de nós em todas elas. Há muito de nós neste mergulho ao mais fundo da alma humana. É um romance que se lê e ouve, que mantém todos os sentidos alerta. Uma pauta musical, com andamentos diversos, que acabam por se cruzar numa vertigem imprevisível de autêntico thriller psicológico.
E, depois, há o pianista…»
MELHOR LIVRO DE POESIA
“Tão belo como qualquer rapaz” de Andreia C. Faria
Editora: Língua Morta
Tenho a pedir-vos que não reutilizeis nada.
Esse edifício junto à praia, deixai-o
entregue às ruínas,
às folhas do milho,
ao ar salgado.
Que as crianças possam tropeçar nas lajes soltas
e no átrio ecoe, como uma pedreira,
o desejo de muitas mãos.
Deixai dormir as mariposas dentro de lâmpadas partidas
e as formigas engrossarem pelos cantos
como sal.
Não inventeis mais nada,
nem formas eloquentes de evitar que o bronze oxide.
Aceitai o suor do tempo.
Que algumas coisas apodreçam.
Que os elefantes atravessem a planície.
Que as veias rebentem
do esforço de permanecer em pé.
E que nem tudo se sustente como a rosa
se sustenta de florir.
Deixai, deixai os vários pisos incomunicáveis,
o desvão ser cortejado pelo giz dos aviões,
que a lua pouse ali aberto o crânio,
que lhe bata o sol.
Ainda são preciosos os templos
onde o pó seja gentil
e incensado
como os pés pela caruma dos pinhais.
(Tão bela como qualquer rapaz, de Andreia C. Faria, edição: Língua Morta, Fevereiro de 2017).
MELHOR LIVRO INFANTO-JUVENIL
“O Museu do Pensamento” de Joana Bértholo
Ilustração: Pedro Semeano e Susana Diniz
Editora: Caminho
«Este Museu é especialíssimo porque se dedica a compilar e proteger um bem essencial…