Os escritores dos países de língua portuguesa podem andar de casaco, mas quando chega a vez de falar para a audiência vestem uma camisa tradicional do seu país ou um vestido de cores mais garridas. Autores reconhecidos como as vozes dos seus países não escapam às dificuldades da edição em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor, onde não existem editoras nem livrarias suficientes e a aquisição de um livro é ainda um acidente.
Quem o diz sem pruridos é o autor cabo-verdiano Jorge Tolentino, que mesmo assim considera ter sido ultrapassado o período mais árido da edição: “Até agora, aquele que chamaríamos o período de ouro do livro em Cabo Verde aconteceu nos anos a seguir à independência, com um ritmo fulgurante face aos recursos disponíveis, divulgando novos autores e recuperando os mais antigos.” O ritmo caiu entretanto e só recentemente se sente a retoma editorial devido ao envolvimento de privados. Se existem leitores, o não envolvimento por parte das famílias em relação à compra de livros é a norma: “A aquisição de livros não está contemplada no orçamento familiar; de vez em quando compra-se um por gosto e pouco mais. Comprar um livro ainda é um acidente.” Também se assistiu, diz, ao afastamento do livro pelas escolas e a maioria dos estabelecimentos escolares já não tem bibliotecas: “Não se cria no jovem o gosto pelo livro, agravado pelo seu alto custo. Falta uma decisão do poder político para apoiar a edição.”
Na Guiné-Bissau o panorama não difere e o poeta Tony Tcheka encontra as mesmas dificuldades no passado recente, mesmo que a realidade se vá alterando: “Depois de uma vida sem poder editar, a Guiné-Bissau conta agora com duas editoras privadas e que pertencem a gente ligada à escrita, mas o Estado não investe nem patrocina a edição.” Um dos casos, a editora Corubal, conseguiu no primeiro ano “pôr cá fora 12 obras de autores do país, sem lucro numa primeira fase e apostando na criação do gosto pela leitura”. Faltam livrarias na Guiné-Bissau, existindo na capital apenas uma livraria e o Centro Cultural Francês. Quanto aos leitores, afirma Tcheka que “num país com um índice de analfabetismo muito elevado e onde a maioria da população vive abaixo do limiar da pobreza não se pode encontrar uma grande massa de leitores. Eles existem, é verdade, e confirma-se no lançamento de um livro, onde o espaço enche sempre. O lançamento de um livro é sempre uma festa”.
Em Angola, a realidade mantêm-se parecida, como refere o autor de vários livros de poesia David Capelenguela: “A situação é difícil, mesmo que o governo tenha vindo a dar atenção ao setor e se note um aumento do número de editoras em relação ao passado, mas, como o preço da produção de um livro é tão elevado, ele impede os autores de publicar e os leitores de adquirir.” Faltam livrarias: “Há muitas, mas já houve mais.” E os leitores? “Existem os suficientes para certos géneros mais populares mas não para os restantes. O número tem vindo a aumentar nas camadas jovens, principalmente por influência universitária, e o romance, a poesia, a literatura infantil e a autoajuda é o que mais tem procura.”
Em Timor a situação de grande dificuldade em editar não se altera. O tradutor de língua portuguesa para tétum Luís Costa esclarece que existem em Dili três tipografias que publicam livros: “Saem caríssimos, tanto que alguns dos escritores timorenses optam por utilizar editoras portuguesas com a ajuda do Estado timorense, ou então imprimem diretamente em Singapura ou na Indonésia, onde é mais barato.” Recentemente, foi feito um acordo com a Imprensa Nacional em Portugal para publicar obras de timorenses, mesmo que a maioria dos nomes já sejam editados por editoras portuguesas: “O romancista Luís Cardoso publica em Lisboa, tal como os poetas, que são a maioria dos autores timorenses.” Mas se a impressão é um problema que se consegue contornar, o da falta de leitores é mais complexo: “As pessoas não têm gosto pela leitura e o alto custo dos livros complica a aquisição, além de que sendo impressos em língua portuguesa ou tétum, como a maioria da população não as domina, de pouco servem.” Livrarias? “Existem duas de professores portugueses.” Luís Costa é autor de um dicionário português-tétum, de um guia de conversação, uma gramática e tem vários ensaios sobre a língua tétum.
Lusofonia sem apoio
A realização do VIII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa na cidade da Praia permite observar melhor o caso do país anfitrião. Para o ministro da Cultura, Abraão Vicente, nos últimos três anos existe um novo impulso por parte do setor privado: “Mas o mercado é pequeno e o hábito de comprar livros não é muito acentuado.” A grande novidade, que conta com o apoio português, é o início de um Plano Nacional de Leitura que integra a política do livro e o sistema educativo. Quanto ao alto preço do livro, o governante considera que o país tem de ter uma outra política para o livro: “Este setor não teve na última década e meia uma política ativa de incentivo e a relação com os outros países de língua portuguesa passa pela abertura do mercado desses países aos nossos autores.” Enquanto autor, Abraão Vicente sente essa dificuldade também: “Ficamos por aqui por causa da dificuldade na distribuição de livros e a circulação é limitada à fasquia da literatura africana.”
Entre as mais recentes editoras de Cabo Verde estão a Pedro Cardoso Livraria e a Rosa de Porcelana. Mário Silva, da primeira, explica o objetivo da editora: “Surgimos em 2014 com uma orientação para os livros universitários. A ideia era fazer uma livraria universitária, mas achou-se que não era viável e daí surgiu a ideia de complementar com edições literárias. Foi um processo complicado porque não existe uma política de livro em Cabo Verde e nos últimos 40 anos são mais os discursos do que as medidas. Os livros são caros, importados e penalizados com taxas aduaneiras, e as famílias não têm a vontade financeira e o facto de serem várias ilhas ainda torna mais complicada a distribuição.” A situação, acrescenta, “só é melhor porque o livro é muito estimado e os cabo-verdianos estimam-no muito”. Além do livro técnico, a editora publica romance e poesia, áreas que a tornaram a maior empresa do setor e com a publicação de 19 títulos no ano passado: “Para Cabo Verde é um recorde!”
A Rosa de Porcelana, do poeta Filinto Elísio e da cronista Márcia de Sousa, é outra das editoras que surgiram nos últimos anos em Cabo Verde. Elísio considera que para o mercado cabo-verdiano já é uma editora média mas para o português é pequena. Não quer pensar por enquanto na “viabilidade económica, antes em apresentar um catálogo de qualidade e consolidar a marca”. A receção tem sido boa e os leitores têm aderido às publicações: “Os autores procuram-no muito, tanto que temos de os selecionar, mas os leitores são uma grande motivação.” O perfil de autores é eclético e o critério de publicação é editar o que apreciam: “Somos leitores com algum senso crítico, obviamente que não podemos editar tudo o que desejamos.”
Boa noite,
Venho por este meio, informar que se encontra à venda em Portugal o meu livro “A MINHA ÁFRICA”, que está constituir um grande sucesso de vendas quer on line quer junto das livrarias.
Devido a tratar-se de uma obra baseada em histórias reais da vida na Guiné-Bissau, onde se conta a barbaridade do regime, apoiado e financiado pelo governo português ao longo de vários anos.
Trata-se de histórias únicas, vividas por mim na Guiné-Bissau, onde a vida humana pouco vale, e onde os direitos humanos são diariamente atropelados.
Os relatos por mim escritos neste livro dão uma ideia real da vida de violência nesse país, que todos sabem mas que ninguém se atreve a falar, por poderem sofrer consequências que pode incluir a morte.
Por ser um relato da vida em África, e numa ex-colónia portuguesa, seria bom dar a conhecer esta obra a todos os africanos e portugueses, que se interessam pela verdade da vida na África esquecida, e manipulada pela comunicação social, que por ser corrupta, nada transmite sobre os dramas reais que os povos sofrem nas mãos de governos e de senhores poderosos dos regimes africanos.
Por tudo o que vos informo sobre o teor do livro, acho que deviam contactar a editora, email: edicao@edicoesvieiradasilva.pt a fim de poderem dispor na vossa livraria este livro, tão aliciante e tão actual nos dias que vivemos, onde a África continua a estar nas vidas desta nossa Europa secular.
Caso estejam interessados em contactar a editora agradecia que enviassem um mail para.
http://www.edicoesvieiradasilva.pt
https://www.edicoesvieiradasilva.pt/livros/cronicas/aminhaafrica
https://www.edicoesvieiradasilva.pt/autores/manuelbraganca
Melhores cumprimentos
Manuel Bragança
A Minha África – Textos da contra capa.
A MINHA ÁFRICA
Esta é uma crónica do dia a dia construída a partir de instantâneos impiedosos da vida crua e dura de uma antiga província ultramarina portuguesa. Sem maquilhagem politicamente correcta. É bom que a História seja assim contada, sem tibiezas, sem cobardia e sem medo. Obrigado, Manuel Bragança!
Diogo Pacheco de Amorim
A MINHA ÁFRICA
Manuel Bragança é um Homem do Mundo, ótimo contador de estórias. Encanta qualquer leitor com a descrição de episódios reais, vividos e relatados na primeira pessoa.Com a sua multicultural vivência, Manuel Bragança é, sem dúvida a pessoa indicada para nos revelar os segredos ocultos, que muitos tentam “maquilhar”, das nossas ex colónias ultramarinas! Com a escolha da Guiné para abrir a sua “janela para África”, sem dúvida, um delicioso “aperitivo” para os volumes que se seguirão. Não posso, nem quero, deixar de felicitar o meu Amigo de toda a vida, o Manel Bragança, pelo livro realista, sem preconceitos, teias de aranha, bem longe do “politicamente correto”…que me prendeu da primeira à última linha! Bem hajas, querido Autor…!!!
Sónia Luiza de Sousa Mendes.
A MINHA ÁFRICA
O Manuel Bragança é um homem muito viajado e conhecedor da realidade em África, e, especialmente, dos países de língua oficial portuguesa, quer antes quer depois da sua independência.
As histórias vividas na Guiné-Bissau que neste livro relata “sem filtros”, dão-nos a sensação de as estarmos a viver, tal o realismo e a clareza com que são contadas, que nos prende até à ultima página.
Também eu vivi neste país maravilhoso, que trago no coração, onde “fiz vida” de 1997 a 2001 e revejo-me neste livro em variadíssimas situações. Os relatos, descritos pelo autor, são tão idênticos e tão reais aos que eu também passei, que até parece que estou a viver cada momento, que só quem viveu com este povo, e passou por estas situações, pode dizer que conhece a verdade da Guiné-Bissau. Felicito desde já o autor pela sua transparência e frontalidade dos relatos.
Miguel Almeida Bruno
A MINHA ÁFRICA
Camilo dizia que a maldade é congénere do Homem e nesta ex-colónia portuguesa da costa ocidental africana a frase está inscrita nas práticas quotidianas das elites locais. A agnosia não explica tudo mas ajuda muito. Este relato do Manel faz com que sejamos menos racistas e mais realistas. Amílcar Cabral e António de Spínola estão, com toda a certeza a dar voltas e mais voltas nos sarcófagos ao ritmo da chegada de novas de Bissau.
R. R. Fernandes
A MINHA ÁFRICA
*Manuel…, é um homem muito vivido e, por isso, com vasta experiência, com obra feita e filhos nados, de mil ofícios e oficinas, menos venal e mais viajado do que Magalhães, inconformado com os poderes e zangado com as alternativas.
Em síntese, um bom companheiro de serões e um excelente relator de histórias dos confins.
Isabel Aleixo