A escritora cabo-verdiana Vera Duarte vai lançar o seu novo livro de poesia, intitulado “Risos e Lágrimas”, que será um tributo a cabo-verdianos e brasileiros, a quem atribui muita da sua visibilidade literária.
“É sobretudo um livro que tem poemas muito dedicados. Tenho um relacionamento literário intenso com o Brasil, e devo muito ao país, à academia, às universidades e aos estudiosos brasileiros, toda a visibilidade que acabei por ter em termos de literatura. Acho que este livro está a fazer um tributo, não só a muitos dos nossos, mas também a muitos brasileiros”, avançou Vera Duarte à agência Lusa.
A ex-presidente da Academia Cabo-verdiana de Letras (ACL) e membro da Academia de Ciências de Lisboa adiantou que entre os brasileiros a quem dedica o livro estão a professora Simone Caputo Gomes, Hérica Antunes e Conceição Evaristo.
“Há muitas teses de mestrado, doutoramento e pós-doutoramento sobre a minha escrita, a maior parte das universidades e dos estudiosos brasileiros. Então, neste livro, muitos dos poemas são dedicados a esses estudiosos brasileiros que, de alguma forma, me ampararam na minha trajetória ligada à literatura e à poesia”, prosseguiu a escritora.
Esperando que o livro possa contribuir para aumentar a relação e intercâmbio entre escritores lusófonos, Vera Duarte voltou a sugerir a criação de uma disciplina ligada à Língua e à Cultura na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) que permita o contacto desde tenra idade com autores de língua portuguesa.
“É através dos autores, dos textos, dos poemas, dos textos em prosa, na escola, que se pode fazer esse estudo, para que cada vez mais que se progrida no ensino”, sustentou Vera Duarte, considerando que essa é uma das políticas para levar o conhecimento mútuo a todos os cidadãos da comunidade lusófona.
“E aí estaremos bem mais próximos uns dos outros, porque nada como o livro para efetivamente entrar num universo cabo-verdiano, angolano, brasileiro”, disse, considerando que o Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP) da CPLP pode desempenhar um “papel fundamental” na implementação do projeto.
Para Vera Duarte, o livro é o resultado de muitas das alegrias que a vida lhe proporcionou, mas também de lágrimas por causa dos problemas que vê em África, das imagens dos refugiados e deslocados e de outros flagelos.
“A minha poesia é sempre mesclada desse sentimento ligado ao mundo em que nós vivemos e também aos direitos humanos, muita dela influenciada por todo esse processo de emancipação da mulher”, descreveu, indicando que o livro traz poemas de amor e líricas.
O livro será lançado no dia 31 de maio, na livraria Pedro Cardoso, cidade da Praia, com apresentação do músico e poeta cabo-verdiano Kaká Barbosa.
Em junho, durante o festival de literatura-mundo, na ilha do no Sal, a editora Rosa de Porcelana vai lançar uma antologia da sua escrita, o 10º livro, que coincide com os seus 25 anos de publicações.
A cabo-verdiana estreou-se na literatura em 1993, com o livro de poesia “Amanhã Amadrugada”, seguindo-se depois “O arquipélago da paixão” (2001), “Preces e súplicas ou os cânticos da desesperança” (2005), Exercícios poéticos Romance (2010), “A candidata Ensaios” (2003) e “Construindo a utopia” (2007).
“A Candidata”, lançado em 2004 e que recebeu o Prémio Sonangol de Literatura, e “Matriarca – Uma história de Mestiçagens (2017)” são os dois romances da escritora cabo-verdiana, ativista pelos direitos humanos, que em 1995 recebeu o Prémio Norte-Sul do Conselho da Europa.