O presidente da República de Cabo Verde, país que assumirá a presidência da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) dentro de um mês e meio, defende a valorização da língua portuguesa.
Jorge Carlos Fonseca considera que as nações da nossa comunidade devem fazer tudo, para que este nosso ativo estratégico, a “nossa mátria”, se torne num fator de desenvolvimento social, económico e humano.
“Estou bem distante daqueles que acham que basta disseminar o inglês para termos garantido o desenvolvimento de todos”, alertou, esta sexta-feira, o chefe de Estado na grande conferência dos 130 anos do Jornal de Notícias, num discurso poético que bebeu das palavras de escritores, de poetas e de compositores de língua portuguesa.
Marcelo Rebelo de Sousa, que conhece Jorge Carlos Fonseca desde os tempos em que partilharam a “casa comum” da Faculdade de Direito, enalteceu a “bela oração” que o presidente de Cabo Verde trouxe à Invicta.
Jorge Carlos Fonseca lembrou que o português, enriquecido por vocábulos e por expressões locais, “foi a maior herança que o colonizador deixou em África” e “está em grande expansão na América e em África. Ganha importância estratégica e é cada vez mais procurado e ensinado em instituições de todo o mundo”. Nesse sentido, as nações que a falam têm o desafio de aproveitar essa vantagem, convertendo a sua língua num “fator de desenvolvimento social, económico e humano”.
“No seio da CPLP, o valor económico é a base para o fortalecimento da nossa comunidade. Há que fazer do português cada vez mais uma língua de negócios e aproveitar o crescente interesse na sua aprendizagem. Nos próximos 40 anos, haverá mais 100 milhões de falantes de português, o que reforçará a sua presença no mundo. A nossa palavra escrita e falada tende a aumentar, sobretudo no Atlântico Sul”, atentou o chefe de Estado, assinalando que, na Europa, o português é a sétima língua mais falada. No entanto, é a sexta língua mais falada no mundo, a quinta na Internet e a terceira no Facebook.
Olhando para o desenvolvimento científico nas nações da CPLP, o presidente da República de Cabo Verde defende que esse conhecimento seja veiculado também em português, e não apenas em inglês, e que se promova um intercâmbio universitário cada vez maior, estimulando uma rede de partilha de conhecimento científico.
Os 130 anos do Jornal de Notícias não foram esquecidos por Jorge Carlos Fonseca, considerando que é “o espelho da alma da população da cidade” do Porto. “O Jornal de Notícias tem uma história sólida e é o último diário resistente desta cidade”.