O escritor cabo-verdiano Germano Almeida quer ser o “embaixador” de Cabo Verde na Feira do Livro de Guadalajara, que arranca no sábados e a cultura cabo-verdiana.
Germano Almeida é um dos mais de 40 escritores de língua portuguesa que participam este ano na Feira Internacional do Livro de Guadalajara, no México, que tem Portugal como país convidado, que, por seu turno, convidou o Prémio Camões de 2018 a integrar a comitiva.
A 32.ª edição da feira decorrerá de 24 de novembro a 02 de dezembro, num recinto com 34 mil metros quadrados, contará com um total de 800 escritores, e espera mais de 20 mil profissionais ligados ao mercado livreiro, com mais de 2.000 editoras e 400 mil títulos de 47 países.
Germano Almeida, que só chega ao México no dia 28 de novembro, avançou à agência Lusa que, durante a feira, já tem duas entrevistas e encontros marcados e vai aproveitar para lançar o seu último livro, “O Fiel Defunto”, que foi traduzido no país.
O autor de “O Testamento do Senhor Nepomuceno da Silva Araújo” confessou que nunca tinha ouvido falar da feira de Guadalajara, mas sim da de Frankfurt, na Alemanha, por ser “mais próxima”, mas agora que vai ao México pela primeira vez, disse que as perspetivas são boas.
“A gente espera sempre o melhor, não quer dizer que se concretize. Não só no México, como noutros mercados, gostamos que os nossos livros sejam publicados e traduzidos noutros países”, afirmou à Lusa, adiantando ainda que vai aproveitar a oportunidade para promover o seu país, a sua cultura e todos os outros escritores cabo-verdiano.
“Quando faço estas viagens gosto de pensar que sou embaixador de Cabo Verde, e a minha maior preocupação é levar o nome de Cabo Verde e a cultura cabo-verdiana e mostrar que existimos. Na medida que conseguir fazer isso, já me dou como satisfeito, já digo que é um ganho para mim, para os meus colegas escritores e para Cabo Verde. A grande preocupação é engrandecer a nossa terra”, afirmou.
Germano Almeida disse que a sua participação na feira de Guadalajara já é um dos efeitos do Prémio Camões, ao que se junta ao facto de os seus livros serem mais falados e mais vendidos, sobretudo em Portugal.
Porém, desde que recebeu o prémio, Germano Almeida ainda não teve tempo para escrever, disse à Lusa.
“Estava a escrever um livro que é continuação de `O Fiel Defunto`, já tinha bastante avançado, mas, desde que me deram o prémio, nunca mais tive paz”, confessou Germano Almeida, no tom de brincadeira que lhe é característico.
“Para escrever é preciso tempo. Costumo dizer que o ócio é que nos permite estas coisas, e, desde o Prémio Camões, nunca mais fiquei ocioso. Não dá para escrever no meio de confusão. Estou à espera de paz, [à espera de] que, a partir do fim do ano, isto entre nos eixos outra vez e comece a ter tempo para escrever”, perspetivou.
O escritor cabo-verdiano justificou a falta de tempo para escrever com as muitas solicitações que tem tido para entrevistas, participação em encontros, feiras, entre outras atividades no país e no estrangeiro.
“Não posso dizer que não porque senão vão dizer que [depois do prémio] já está `armado em bom`”, explicou, também em tom divertido.
Na entrevista à Lusa, Germano Almeida, um dos escritores mais lidos e mais traduzidos em Cabo Verde, comentou ainda os vários acontecimentos literários que têm acontecido no país, considerando que são iniciativas muito boas.
O escritor enumerou o festival de Literatura Mundo da ilha do Sal, realizado pela editora Rosa de Porcelana, e o festival Morabeza, organizado pelo Governo, cuja primeira edição foi na cidade da Praia, a segunda, este ano, em São Vicente, e a terceira será na ilha do Fogo.
Germano Almeida disse que a ideia de descentralizar os eventos literários é interessante, entendendo que, entes de o país falar em internacionalizar a sua literatura, tem de pensar na sua regionalização.