Portugal acolhe a primeira conferência internacional sobre as duas línguas. Uma iniciativa da Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura que decorre nos dias 21 e 22 de novembro na Fundação Gulbenkian.
A internacionalização do português e do espanhol e uma maior promoção das duas línguas, faladas por uma comunidade de 800 milhões de pessoas, é o objetivo da conferência “Ibero-América: uma comunidade, duas línguas pluricêntricas”. A iniciativa da Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) decorre nos dias 21 e 22 de novembro, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
“Não se trata apenas de refletir e debater, mas também daí resultar um plano de ação”, disse a diretora da OEI Portugal, Ana Paula Laborinho, na apresentação da conferência, a primeira a nível internacional dedicada às línguas portuguesa e espanhola.
“A ideia é que estas conferências se possam continuar a realizar regularmente e daí a ideia de termos um plano de ação, que reúne um conjunto de recomendações que serão entregues a todos os parceiros, e que será acompanhado nas conferências futuras de forma a contribuir para o grande objetivo da internacionalização destas duas línguas”, acrescentou.
“Espanhol e Português: duas línguas com futuro”, a relevância de ambas para a economia ou na sociedade digital ou “as políticas de língua para a internacionalização” são três dos temas em debate ao longo dos dois dias, onde também marca presença a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, com quem a OEI procura uma maior cooperação. A conferência final estará a cargo da escritora brasileira Nélida Piñon, filha de imigrantes galegos.
“Não se trata apenas de refletir e debater, mas também daí resultar um plano de ação”
A aposta no bilinguismo não significa que não haja ainda desafios ao nível do português. “Continuamos a ter duas certificações diferentes da língua portuguesa, uma no Brasil e outra em Portugal, e parece-nos que um ponto relevante para a projeção da língua seria termos uma certificação única”, indicou a diretora-geral da OEI Portugal, dizendo que essa é uma proposta em cima da mesa, com o Brasil a querer apostar na criação de um sistema digital de certificação.
A OEI, cujo secretário-geral é o espanhol Mariano Jabonero, assinala este ano o 70.º aniversário, mas ao longo da sua história dedicada a promover a cooperação intergovernamental na região o espanhol foi sempre a língua predominante, mesmo nos trabalhos internos. Algo que tem mudado nos últimos anos, com uma aposta num verdadeiro bilinguismo, contribuindo para tal a entrada de Portugal na organização em 2002 e a abertura do escritório regional em Lisboa no início de 2018.
Um dos projetos desenvolvidos pela OEI que já chegou a Portugal é, por exemplo, o das escolas bilingues de fronteira, que já existia no Brasil. “Foram já identificadas cinco escolas piloto e já começámos com um pequeno projeto, o Cervantes Júnior, onde pela primeira vez Portugal participa numa iniciativa em que alunos de uma escola, neste caso de Elvas, recontam uma história do Cervantes adaptada à sua realidade e ao espaço em que vivem”, disse Ana Paula Laborinho.