O responsável pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) disse que o desafio da instituição é conseguir dar resposta à crescente manifestação de interesse de povos de tradição linguística não portuguesa que querem fazer parte da CPLP como observador.
Incanha Intumbo fez esta consideração em entrevista à Inforpress para um balanço do seu primeiro mandato à frente desta instituição e os desafios traçados para os próximos tempos.
Conforme afirmou aquele director executivo, o seu primeiro ano de mandato foi de “novas experiências, de muita motivação, de esperança e de muito trabalho” em prol da língua comum dos povos que a história já uniu, a língua portuguesa.
Depois de conhecer a casa, o próximo passo, afirmou, é consolidar os projectos em curso e tentar dar respostas aos vários desafios da instituição, sendo uma delas a crescente procura da língua portuguesa.
“No contexto em que vários países ou povos de tradição linguística não portuguesa estão a solicitar a integração na nossa comunidade, ou como observadores, ou apenas manifestam interesse em conhecer a nossa língua, dado os escassos meios que temos torna-se um desafio enorme corresponder a essa vontade manifestada”, asseverou.
Segundo disse, esta instituição de gestão multilateral e que envolve vários países não têm recursos humanos que os permita responder “a tempo e hora” a essa demanda.
“O desafio é enorme, a vontade é enorme, mas os braços são curtos. Temos a escada em frente, mas não conseguimos subir por essas limitações financeiras”, acrescentou.
Para além da manifestação apresentada por parte dos Estados Unidos da América, informou que a Índia também quer ser membro observador e que na China também há uma crescente demanda da língua portuguesa e em alguns países africanos que têm apostado no ensino de língua portuguesa nas universidades.
Informou que o IILP, no âmbito da sua missão que é trabalhar em prol da divulgação da língua portuguesa, apesar da sua limitação em termos de meios, está de “braços abertos” para colaborar com esses países.
Actualmente, a CPLP conta com 18 países observadores associados e uma organização, OEI — Organização de Estados Ibero-Americanos e integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tome e Príncipe e Timor-Leste.
Outro desafio desta instituição, apontou, é tentar realizar acções concretas nos estados membros da Comunidade de Países Língua Portuguesa e ainda pôr em marcha alguns projectos em carteira, nomeadamente a Terminologia Científica e Técnicas Comuns (TCTC), o Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC) e o Portal do Professor de Português Língua Estrangeira/Língua Não Materna.
Para este ano, o ILLP vai contar com o habitual orçamento de 310 mil euros, uma verba que o director considera ser “insuficiente” para dar repostas as demandas da instituição. Entretanto, garantiu, vão continuar a trabalhar em prol da divulgação da língua portuguesa.
“Temos estado a funcionar graças às reservas das contribuições anteriores. O importante era a actualização das contribuições, isso seria muito bom e permitiria ao IILP atrever-se para abarcar novos desafios”, frisou.
Devido às limitações de recursos humanos, Incanha Intumbo avançou que Portugal disponibilizou uma verba suplementar, fora do quadro das contribuições, para apoiar no funcionamento do IILP, através da criação do projecto Bolsa Cientista Convidado (BCC), que vai permitir a instituição contratar cientistas, dois por ano, durante três anos.
No âmbito das suas acções, para este ano, estão programados vários cursos nos estados-membros, reuniões e encontros científicos para dar corpo aos projectos em carteira, conselho científico, participação no Conselho de Ministros da CPLP, missão para Guiné Equatorial, e conferência sobre língua portuguesa em Cabo Verde.
O Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) é uma instituição da CPLP com sede na cidade da Praia. Seus objectivos são, conforme os estatutos, “a promoção, a defesa, o enriquecimento e a difusão da língua portuguesa como veículo de cultura, educação, informação e acesso ao conhecimento científico, tecnológico e de utilização oficial em fóruns internacionais”.