O primeiro grupo de 10 professores portugueses que vai integrar um novo projeto de formação em língua portuguesa para docentes timorenses chega ao país no final da próxima semana, disse à Lusa o embaixador de Portugal em Díli.
“Os professores estarão envolvidos na estruturação e lançamento do processo de seleção dos Formadores Nacionais para a Constituição de uma bolsa de formadores”, explicou José Pedro Machado Vieira.
O diplomata referiu que quando o processo de seleção estiver finalizado, “os formadores nacionais participarão numa formação inicial em Díli, com a duração de uma semana” antes de completar um curso de Formação de Formadores de Língua Portuguesa, ao nível da capital dos Municípios, de 330 horas”.
Depois, os formadores nacionais serão colocados nos municípios e postos administrativos para lecionarem os Cursos de Língua Portuguesa, sublinhou.
Machado Vieira disse que está a decorrer até 13 de março o processo de seleção de um segundo grupo de professores esperando-se que o terceiro e último grupo chegue em setembro.
Os professores fazem parte do “Pró-Português”, projeto sucedâneo do programa Formar Mais – ainda que com contornos diferentes – que foi acordado por Portugal e Timor-Leste em setembro do ano passado.
Centrado na formação contínua em língua portuguesa de professores do ensino não superior, o programa está orçado em 16,28 milhões de euros até 2022 e foi assinado pelo presidente do Camões, Instituto de Cooperação e da Língua, Luis Faro Ramos e a ministra da Educação, Cultural, Juventude e Desporto, Dulce Soares.
O projeto está a ser implementado de forma conjunta pelo Camões e pelo Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação (INFORDEP), sendo que a maior fatia do projeto é financiada pelo Governo timorense, cabendo a Portugal o cofinanciamento no valor total de 3,34 milhões de euros durante os seus três anos duração.
Machado Vieira explicou que o projeto tem por objetivo global “contribuir para a consolidação do sistema educativo de Timor-Leste através do apoio ao setor da formação profissional e contínua do pessoal docente do sistema educativo do Ensino Não Superior”.
Entre as metas específicas, o projeto prevê a constituição de uma Bolsa de Formadores Nacionais a nível de Posto Administrativo e o reforço das suas competências técnico-científicas, didático-pedagógicas e linguístico-comunicativas para ministrarem Cursos de Língua Portuguesa aos docentes de todos os níveis de ensino do sistema educativo do Ensino Não Superior de Timor-Leste.
Pretende ainda reforçar as competências linguístico-comunicativas em Língua Portuguesa de docentes de todos os níveis de ensino (Educação Pré-Escolar, Ensino Básico e Secundário) do sistema educativo do Ensino Não Superior de Timor-Leste, por meio de Cursos de Língua Portuguesa direcionados para os domínios educativo e profissional em regime presencial e de ‘b-learning’.
Quando estiver completa, a equipa total do Pró-Português contará com 86 formadores portugueses e timorenses.
Citado pela agência estatal timorense Tatoli, o coordenador do projeto, Marino Tavares, explicou que a vinda dos professores portugueses ajudará na formação em língua portuguesa a formadores timorenses.
“A presença dos docentes portugueses será fundamental para dar formação aos nossos professores timorenses. Está previsto lecionarem os níveis de proficiência A2, B1, e B2”, referiu Marino Tavares, no Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação de Timor-Leste (INFORDEPE), em Díli.
“Os professores estarão incumbidos de organizar todo os preparativos relativamente aos cursos. Efetuarão o recrutamento dos formadores timorenses, que serão colocados nos diferentes postos administrativos. Já os professores portugueses se concentrarão nas capitais de cada município”, afirmou.
Os formadores portugueses serão distribuídos pelo país, com 10 destacados em Díli, quatro em Baucau, três na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), dois cada em Aileu, Ainaro, Bobonaro, Suai, Lautem, Manufahi e Viqueque e um cada em Ermera, Liquiçá e Manatuto.
Anualmente haverá cerca de “520 horas de formação para uma média de 4 300 professores”, permitindo que “num prazo de três anos, que todos os professores do sistema educativo nacional atinjam o nível B2 de proficiência linguística em língua portuguesa.