
As línguas portuguesa e espanhola «estão entre as três línguas mundiais que mais crescem», disse hoje o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, na Guarda, na apresentação de um estudo realizado por Portugal e Espanha.
Augusto Santos Silva falava no Teatro Municipal da Guarda, na sessão de apresentação do estudo “A Projeção Internacional do Espanhol e do Português: O potencial da proximidade linguística”, inserida no programa da 31.ª Cimeira Luso-espanhola, dedicada à cooperação transfronteiriça e à articulação de uma estratégia conjunta para a recuperação económica.
O estudo foi realizado pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal) e pelo Instituto Cervantes (Espanha) e coordenado por Luís Reto e Rebeca Rivela.
A apresentação incluiu-se nas iniciativas conjuntas das comemorações dos 500 anos da viagem de circum-navegação, iniciada por Fernão de Magalhães e concluída por Sebastian de Elcano.
«No seu conjunto, estas línguas [português e espanhol] são faladas por, seguramente, mais de oito centenas de milhões de pessoas no mundo», apontou o ministro, referindo-se aos resultados do estudo.
Augusto Santos Silva acrescentou que «muitos dos seus falantes maternos» são habitantes da Europa, da América Latina, de África, da Ásia e da América do Norte.
«A geografia destas duas línguas é uma geografia global. E a dinâmica demográfica destas duas línguas é uma demografia em crescimento. O espanhol e o português estão entre as três línguas mundiais que mais crescem», apontou.
Disse ainda que foi decidido apresentar hoje o estudo, na Cimeira Luso-Ibérica, onde foi acordada uma estratégia conjunta transfronteiriça, por ambos os governos entenderem que a estratégia conjunta transfronteiriça marca a cooperação dos dois países na Europa, e o estudo “A Projeção Internacional do Espanhol e do Português: O potencial da proximidade linguística” marca a cooperação “em todo o mundo”.
A primeira vice-presidente do Governo de Espanha, Cármen Calvo, disse que o estudo revela como as duas línguas «podem competir» com a língua inglesa.
No encerramento da mesma sessão, onde também foi apresentada a Estratégia de Desenvolvimento Transfronteiriço, o líder do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, disse que a proximidade linguística entre os dois países «é uma riqueza» que não deve ser desdenhada.
Sánchez disse esperar que a candidatura de Espanha para ser observador associado da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP)permita a promoção conjunta»
«É inegável, que tanto o espanhol como o português, podem desempenhar, no conjunto da comunidade internacional, o desenvolvimento social e a promoção da ciência e da informação», afirmou Pedro Sánchez.
O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, afirmou na sua intervenção que os dois países, que vão estar conectados por cabo, com a América Latina e com África, devem querer ser «um grande “hub” da conectividade digital entre a Europa e o resto do mundo». «Há cinco séculos fizemos isso por via marítima. Hoje podemos e devemos fazer isso por via do digital», afirmou.
António Costa acrescentou que para tal «é fundamental a valorização das Línguas», porque ambas devem ser «línguas veiculares do conhecimento, da cultura, da ciência».
Fonte: Jornal Terras da Beira