O mestre capoeirista brasileiro Eddy Murphy expressa a sua fé nas virtudes da capoeira como “o maior veículo de divulgação da língua portuguesa”, com base nos resultados obtidos com os seus alunos multinacionais em Macau.

Em Macau multicultural, as aulas do capoeirista Eddy Murphy fazem sentido já que, como ele a descreve, a capoeira é desporto e técnica marcial mas também “arte, dança, música e cultura popular”.
As aulas do brasileiro – que se fixou há cerca de duas décadas na Ásia — não só formaram campeões, mas também estão a servir para levar os seus alunos “de mais de uma dúzia de países” a querer aprender português na agora região administrativa especial chinesa e que durante cinco séculos, até 1999, foi território administrado pelos portugueses.
A reportagem seguiu a aula do brasileiro, de 53 anos, imigrado em Macau, que se realiza no espaço dum ginásio dum centro comercial na ilha da Taipa. Ali viu “tradições, línguas e costumes que são convocados à reunião, para tocar, jogar e dançar, bem como cantar, nomear dos pés à cabeça partes do corpo e contar números, sempre em português”.
Os alunos com origens diversas — da Malásia ao Canadá e Japão, dos Estados Unidos a Singapura, da Tailândia e Indonésia até aos países lusófonos como Brasil e Portugal — vestem ‘t-shirts’ estampadas com a expressão, escrita a várias cores: Brasil-China-Macau-Hong Kong.
Entre os aprendizes da arte-“esporte” afro-brasileira, destaca-se o canadiano-americano Caleb nascido na Singapura e que nas aulas de “capoeiragem de Macau”, ganhou a alcunha de Pensador. Mais expansivo, Caleb apresenta a irmã: ela chama-se Katii, que significa Luz.
Aulas de capoeira pesam no domínio do português
Caleb “Pensador” explica o peso que as aulas de capoeira têm na segurança e fluência no português de que se orgulha: “Também [aprendemos] numa escola portuguesa, também aprendemos ali”.
Entenda-se: Também aprendemos na Escola Portuguesa, além de que aprendemos aqui. Segundo a explicação do mestre Eddy Murphy, os mais pequenos chegaram primeiro, depois vieram os pais, e, com a necessidade de os filhos entenderem melhor as aulas de capoeira, acabaram por os fazer entrar na Escola Portuguesa de Macau.
“A gente trabalha com ela [capoeira] em todos os sentidos. A capoeira tem várias vertentes: a arte marcial [e] a integração, que é o mais importante”, diz o mestre que destaca o facto de que “Macau é a base da federação asiática”, e acolheu em 2020 o campeonato mundial de capoeira.
Medalhados
O mestre Eddy Murphy faz o balanço do campeonato mundial de capoeira. Os seus alunos arrebataram “a maioria das medalhas”, uma delas a de ouro, destaca com orgulho.
A exemplificar as palavras do mestre sobre “a integração”, o “papel da capoeira na construção pessoal”, é o caso de Mariana de 13 anos, que “desde os dois anos e meio está a ser treinada por Eddy Murphy. Alcunhada “Amarela”, descreve-se como portuguesa nascida em Macau e expressa que gosta de “ensinar as crianças a jogar capoeira” e de ser um modelo, para “mostrar às crianças que é possível fazer coisas em que podem não acreditar [que são capazes]”
“É giro ver como todos evoluem à sua maneira, porque todos são diferentes”, remata a aprendiz que já faz de mestre.
Fonte: A Semana