U.PORTO LANÇA RETRATO DE “UMA LÍNGUA COM VISTA PARA O MAR”

Notícia

O livro “Línguas em Português, A Lusofonia Numa Visão Crítica” inaugura a mais recente coleção da U.Porto Press, dedicada à língua portuguesa. Quando falamos da promoção internacional do português… Que riscos decorrem da ideia de sermos os “donos” da língua, revestidos de uma espécie de autoridade ou legitimidade sobre ela? Em Timor-Leste, onde o português […]

O livro “Línguas em Português, A Lusofonia Numa Visão Crítica” inaugura a mais recente coleção da U.Porto Press, dedicada à língua portuguesa.

Quando falamos da promoção internacional do português… Que riscos decorrem da ideia de sermos os “donos” da língua, revestidos de uma espécie de autoridade ou legitimidade sobre ela? Em Timor-Leste, onde o português se insere no mosaico linguístico local (em convivência com o tétum, o inglês e o bahasa indonésio), de que fatores dependem a sobrevivência e o uso da língua portuguesa? Nesta irmandade com o galego (ou “português melhorado”) como se posiciona o conceito de pátria? Estas são algumas das inquietações que resultam de Línguas em Português, A Lusofonia Numa Visão Crítica, título do mais recente lançamento da U.Porto Press.

Organizado por Francisco Calvo del Olmo e por Sweder Souza, da Universidade Federal do Paraná, este primeiro volume da nova coleção Uma língua com vista para o mar. Estudos de Língua Portuguesa, da U.Porto Press, “põe em relevo a riqueza e a diversidade do português a nível mundial”. Trata-se, por isso, de um “excelente volume para inaugurar esta coleção”, garante João Veloso, Pró-Reitor da U.Porto para a Promoção da Língua Portuguesa e a Inovação Pedagógica.

Os números explicam porquê. Língua oficial em nove países (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e, desde 2010, a Guiné Equatorial), o mundo lusófono conta com mais de 240 milhões de falantes… A lusofonia (ou ilusofonia, como Marcos Bagno, um dos autores, ironiza) é um desdobramento de realidades linguísticas distintas, moldadas por processos históricos próprios. São “línguas em português”, dizia José Saramago.

“O português, hoje, não é património de um país! E aquilo que esta publicação quer mostrar é que, ao contrário do inglês, língua hipercêntrica, o português é uma língua pluricêntrica e de coexistência”, esclarece o Pró-Reitor e diretor da coleção.

Daí que Línguas em Português, A Lusofonia Numa Visão Crítica dedique um capítulo a cada uma das diversas variedades nacionais do português, ou seja, um capítulo para cada um dos estados e territórios onde tem estatuto oficial, mapeando a diversidade da língua a nível mundial.

Com as respetivas perspetivas, autores de diferentes nacionalidades deram a sua contribuição sobre o carácter global do português, um pluricentrismo que transforma a língua num elo de união e cooperação entre países, povos e culturas espalhadas no espaço e no tempo.

Celebrar e afirmar a língua portuguesa

Sendo a quinta ou a sexta língua mais falada do mundo (dependendo das estatísticas que consultarmos), o português “é a principal língua falada no hemisfério sul”, nota João Veloso, além de ter já ocupado um lugar entre as “três línguas com mais presença nas redes sociais e na internet”.

A elevada produção literária, filosófica, científica e pedagógica torna o português atraente também para não falantes, como é o caso da China que, inclusivamente, já lhe dedicou a primeira faculdade. Tendo sido escolhida pelas autoridades dos países colonizados no pós independência, a língua pertence a um coletivo, e esse é também um fator de união.

“Nesta diversidade não há um perigo para a sobrevivência do português como língua internacional”, sublinha o Pró-Reitor. Pelo contrário, “há uma afirmação do português que não impõe a norma de um estado aos outros utilizadores. É uma língua feita de línguas. Aberta a uma coabitação”.

O facto de obedecer a “várias normas oficiais e vários cânones literários” mitiga a ilusão de sermos uma espécie de “donos da língua”, acrescenta João Veloso que é também autor de um dos capítulos do livro. O Pró-Reitor dá o exemplo de Timor-Leste como um território onde o número de falantes do português tem aumentado. A entrevista completa pode ser escutada abaixo.


Fonte: Notícias Universidade do Porto

Tags :

Partilhar :

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos Relacionados

Artigos Recentes

Tem alguma questão?

Se tiver alguma questão, referente à nossa instituição, não hesite, entre em contacto.

Arquivos