O primeiro espaço museológico mundial dedicado a um idioma reabriu depois de estar fechado durante seis anos. Nova coleção conta com a colaboração de artistas e escritores de todos os países lusófonos.
O Museu da Língua Portuguesa reabriu no dia 31 de julho. O edifício, localizado no centro de São Paulo e que já tinha recebido 4 mil milhões de visitantes, fechou em 2015 por causa de um incêndio que destruiu grande parte da estrutura. Agora, o espaço reabre com 13 instalações, sete a mais do que tinha quando fechou. Uma delas é dedicada à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O espaço “Nós da Língua Portuguesa” foi organizado pelos escritores Mia Couto, de Moçambique, e José Agualusa, de Angola.
A curadora especial do museu, Isa Grinspuz Ferraz, explica que, por o mundo ter 260 milhões de falantes de português espalhados pelos cinco continentes, a instalação interativa funciona como um “mergulho na diversidade do mundo lusófono”.
Para isso o visitante tem acesso a poesias, canções e paisagens, humanas e físicas, de diferentes lugares.
Museu conta com sete instalações a mais do que tinha quando fechou
Pluralidade linguística
Em 2018, enquanto estava fechado, o Museu da Língua Portuguesa promoveu uma exposição itinerante que passou pelas cidades da Praia, Maputo, Luanda e Lisboa. Um dos objetivos era mostrar que a língua pode variar conforme a região ou país, ainda que seja a mesma.
O brasileiro André Teixeira de Franco trabalhou na passagem da mostra por Lisboa e conta que se surpreendeu ao ver que muitas crianças já conheciam termos usados nos diferentes nos países. Ele relembra que, quando foi explicar as palavras “autocarro”, usada em Portugal, e “ônibus”, no Brasil, o público não estranhava tanto o português do Brasil por causa do contato que já tinham através de novelas ou com imigrantes.
O escritor moçambicano Mia Couto fez parte do grupo de autores que colaboraram com a nova coleção
Referência na lusofonia
Poetas e artistas de Moçambique, Angola, Portugal, Cabo Verde, Timor Leste e Macau contribuíram para a reestruturação do Museu da Língua Portuguesa.
Isa Grinspuz Ferraz acredita que o espaço “tem legitimidade pelo trabalho que realizou e realiza para ser um centro mundial de pensamento e troca” sobre a língua.
Como Mia Couto e José Eduardo Agualusa escrevem num dos textos disponíveis no museu: a língua portuguesa, ao mesmo tempo que foi instrumento de “dominação colonial”, também foi componente fundamental na criação de “identidades culturais autónomas”.
Fonte: DW