
No ano em que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) comemora 25 anos e Angola assume a Presidência da organização, a revista Comunidades entrevista o atual Secretário Executivo, Zacarias Costa, procurando conhecer quais os desígnios da CPLP no que respeita à coesão social e económica dos povos que têm em comum a língua portuguesa que, segundo a UNESCO, é falada por mais de 260 milhões de pessoas em cinco continentes, sendo também o quinto idioma mais difundido no mundo.
Revista Comunidades (RC): Quais são atualmente as prioridades para o fortalecimento do português enquanto língua materna no espaço da CPLP?
Zacarias Costa (ZC): É preciso considerar que, em muitos contextos sociais no espaço da CPLP, o nosso idioma comum é língua materna e língua segunda de muitos cidadãos. Este facto tem merecido a atenção da Organização, e é por essa razão que temos desenvolvido estratégias de difusão da língua portuguesa focadas no ensino da língua em contextos multilingues.
Sabemos que as línguas não são faladas por decreto, mas cabe à CPLP reforçar os meios para a promoção da Língua, em todos os Estados-Membros. Estima-se que, com o crescimento demográfico em Angola e Moçambique, o português será a língua de mais de 500 milhões de pessoas. A CPLP terá um importante papel a desempenhar para assegurar o uso generalizado da língua portuguesa por parte destas populações. E o nosso objetivo é que a língua portuguesa seja cada vez mais uma língua de diplomacia, de negócios, de produção científica, de cultura e indústrias criativas; uma língua de mobilidade, que liga 260 milhões de pessoas espalhadas por quatro continentes.
RC: Quais os maiores incentivos para a difusão da língua portuguesa e o consequente incremento do intercâmbio cultural no espaço da CPLP?
ZC: É através da língua portuguesa que os Estados-Membros aprofundam a amizade mútua, promovem a concertação político-diplomática e cooperam entre si. A língua é assim o nosso património identitário e o pilar da nossa Comunidade. E temos grandes expetativas quanto ao futuro da nossa língua: O universo de falantes em franca expansão; o espaço geográfico descontinuado que o idioma ocupa no mundo; o facto de ser a quarta língua mais falada no planeta; o facto de ser um dos idiomas mais utlizados na internet e a língua oficial e/ou de trabalho em trinta e duas organizações internacionais, são dados que comprovam a ampla capacidade de cooperação política, económica e cultural que o português encerra.
Para citar apenas um exemplo do potencial agregador da língua portuguesa, a CPLP conhece hoje 32 Estados e Organizações Internacionais com o Estatuto de Observador Associado. Muitos desses Observadores Associados veem a CPLP como uma plataforma linguística que permite uma maior aproximação com as comunidades de falantes de português existentes nos seus territórios.
Outro incentivo que gostaria de mencionar prende-se com a histórica conquista alcançada pela língua portuguesa, ao ver proclamada pela UNESCO a data de 5 de maio como o Dia Mundial da Língua Portuguesa.
RC: Que iniciativas estão previstas para o próximo ano, no âmbito da celebração do 5 de maio – Dia Mundial da Língua Portuguesa e Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP?
ZC: A celebração do 5 de maio – Dia Mundial da Língua Portuguesa, contará, no ano de 2022, com um vasto e ambicioso programa proposto pela Presidência da CPLP e demais Estados-Membros da CPLP. Entre os dias 29 de abril e 5 de maio de 2022, Luanda será a Capital da Cultura da CPLP e realizaremos, na mesma ocasião, a XII Reunião Ordinária dos Ministros da Cultura da CPLP.
A Capital da Cultura da CPLP contará com variadíssimas atividades culturais, como a Feira do Livro da CPLP e reunirá artistas do mundo da música, artes plásticas, dança, teatro, cinema e poesia. O evento constituirá assim um momento único de intercâmbio cultural, em que celebraremos a cultura de cada Estado Membro; a sua arte e a sua gastronomia típica.
Tal como em todos os eventos da CPLP, a promoção da língua portuguesa ocupará um lugar central, uma vez que pretendemos organizar seminários e mesas-redondas, quer para refletirmos, em conjunto, sobre aquilo que nos une – como é o caso do nosso idioma, quer para celebrar a diversidade cultural que tão bem caracteriza a nossa Comunidade.
Leia a entrevista na íntegra, aqui.
Fonte: Comunidades Lusófonas